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quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Cap 4-1 "A Princesa Roubada"

Capítulo IV.

Parte 1

Lua despertou devagar, ficando consciente gradualmente como se estivesse chegando à superfície de um lago muito profundo. Ela despertou se sentindo segura… querida.
Estúpido. Tendo sonhos tolos novamente. Sonhos dolorosos. Sonhos que a faziam sentir dor por dentro. Sonhos para garotas, não para mulheres como Lua. Ela já estava farta dessas coisas. Conhecia melhor as coisas agora.
Ela tinha o amor do filho. Isso devia ser suficiente para alguém. E Mel a amava, também, ela sabia. Um filho e uma amiga; mais do que muitas pessoas tinham, ela disse a si mesma.
Ela tinha se esticado para verificar Nicky incontáveis vezes durante a noite. Ultimamente ela só dormia com ele a distância de seu braço. Não ousava deixá-lo dormir sozinho.
Os dedos dela acharam apenas lençóis, frios e vazios.
Nicky! Os olhos dela se abriram de repente e ela se sentou. Mal jogando uma manta ao redor dos ombros por causa da modéstia, ela desceu os degraus com os pés descalços.
“Onde está meu filho?”, Lua entrou repentinamente na cozinha. “O que vocês fizeram com ele?”.
“Seu menino?”, a Sra. Barrow olhou para cima além da panela que estava mexendo. “Ele está lá fora nos estábulos, ou algo assim, espero”. Ela sorriu para Lua. “Não há necessidade de perguntar como você dormiu. Como estava exausta ontem à noite e aqui agora está a pleno vapor e—”
“Aonde eles o levaram?”, Lua exigiu.
“Quem?”, a Sra. Barrow franziu o cenho. “Ninguém levou o seu menino para lugar algum, não fique preocupada. Ele vai voltar quando o seu estômago o lembrar. Os meninos são sempre assim”.
Lua observou o rosto largo e corado da mulher procurando mentiras, mas não pôde ver nada além de calma honestidade. “Nicky não é o tipo de menino que foge”.
“Bem, estou trabalhado aqui desde o nascer do sol”. A Sra. Barrow moveu a cabeça na direção da tigela de maçãs sobre o aparador. “Alguém pegou algumas maçãs. E a porta de fora estava destrancada quando desci. Ele deve estar nos estábulos. É aonde os garotos normalmente vão”.
Lua agitou a cabeça. “Nicky nunca se aproxima dos estábulos. Ele não gosta de cavalos. Alguém deve tê-lo levado”.
“Quem? Não há ninguém aqui exceto nós. O cachorro teria latido se houvessem estranhos”.
“O cachorro!”, Lua exclamou. “Sim, o cachorro estava com ele ontem à noite. Onde está o cachorro?”.
A Sra. Barrow dobrou um pedaço de pano e com muito cuidado puxou duas fôrmas com pães frescos do forno. “Lá fora, onde cachorros devem ficar. O Sr. Thur a traz, mas eu não gosto de cachorros na minha cozinha!”.
Com uma virada rápida e habilidosa do pulso ela girou os pães sobre um suporte de arame. Vapor subiu das crostas do pão e o local foi tomado pela deliciosa fragrância. “Bom, isso deve trazê-lo. Nunca conheci um homem ou menino capazes de resistir ao cheiro de pão fresco e assado!”.
Mas Lua não estava segura. “Onde está o Sr. Aguiar?”.
“Saiu para seu passeio matutino, o Sr. Barrow considerou. Trojan e a sela dele não estão lá”.
“Aha! Então ele deve ter—”
“Mestre Thur sai para montar todas as manhãs, chova ou faça sol. E às vezes à noite também. Ajuda a afugentar os demônios dele”, Sr. Barrow considerou. “O jovem mestre não dorme mais bem. A guerra, sabe. É difícil para os homens jovens, se é. Depois de quase oito anos de guerra e vivendo em barracas de forradas por peles, não é fácil para um homem se acomodar com uma vida inglesa pacífica”, o Sr. Barrow considerou. “Nosso Harry é da mesma forma. Inquieto. Sempre fora fazendo alguma coisa”.
Mas Lua não estava escutando. Pela janela que dava para o mar ela podia ver um cavaleiro vindo rápido em direção a casa, um cavaleiro em um grande cavalo preto. Um pacote sujo estava na frente do cavaleiro. Um pacote mole e do tamanho de uma criança com os pés descalços e sujos.
“Nicky!”, ela correu para a porta, abriu-a de um só golpe. A Sra. Barrow seguia-a, e o Sr. Barrow correu até Thur.
“Aqui, Barrow, cuide dele! Parece que está com o nariz quebrado—”
“Nariz quebrado!”, Lua estava horrorizada. Ela não podia ver o rosto de Nicky com o lenço branco empapado de sangue cobrindo-o.
“—Ou não, mas há muito sangue”. Sr. Aguiar declarou dando o pacote para o Sr. Barrow, e então desmontou.
“Nicky! Nicky!”, Lua tentou alcançar a criança mas o Sr. Aguiar agarrou o braço dela.
“Nicky está perfeitamente bem”, ele disse a ela.
“Como você pode dizer isto? Há sangue por todos os lados!”, Lua lutou. “Deixe-me ir! Eu devo ir até ele!”.
“Aquele menino não é Nicky!”.
Lua congelou, olhava fixamente para ele com os olhos arregalados.
Ele disse com a voz firme, “Nicky está perfeitamente bem”.
Ela olhou furiosamente ao redor. “Então, onde ele está?”.
“Está lá nos precipícios, cuidando da sua mala de viagem”.
“Cuidando da minha mala de viagem?”, ela ecoou estupidamente.
“Sim, eu tive que deixá-lo lá com ela”. Ele tentou tirar a lama da camisa e apenas conseguiu piorar ainda mais. “Caso contrário a mala poderia ser roubada. Está úmida e parece a pior coisa para se usar depois de ter caído do precipício, e está bastante barrenta. Mas fora isso, intacta”.
Ela olhou fixamente para ele, incapaz de acreditar nos próprios ouvidos. “Você quer dizer que deixou a minha criança lá fora no meio de lugar nenhum, sozinho, para cuidar de uma mala de viagem?”.
“Isso mesmo”. Ele deu um sorriso tranquilizante. “Não acho que ele esteja em perigo, mas não gostei de deixá-lo”.
“Você não pensa que a mala de viagem está em perigo”, ela repetiu debilmente.
“Não”. Usando uma raspadeira de bota de ferro fundido que estava atrás porta, ele começou a tirar a lama das botas.
“Mas meu filho está só”.
Ele fez uma carranca. “Sim, mas ele é um menino sensato. Ficará bem longe da beira, estou certo”.
“Longe da beira? Do precipício? Onde estávamos ontem à noite?”.
“Sim, eu o levei para um passeio lá esta manhã. Você não acha que está sendo um pouco super protetora?”.
“Super protetora?”, ela olhou para ele e pareceu de repente estranhamente tranquila. Ela esquadrinhou o chão por perto.
Ele a observou, perplexo. “O que você está procurando? Deixou cair algo?”.
Ela deu a ele um olhar límpido. “Eu preciso de uma pedra grande”.
“Uma pedra grande?”.
“Sim, você disse que seria melhor ter uma pedra grande no meu punho da próxima vez que eu fosse esmurrar alguém”.
“Ah”, ele disse. “Entendo. Você está chateada. Você está preocupada com o menino, mas não há necessidade, eu a asseguro—”
Lua olhou para ele. Ela não estava bem certa de qual expressão tinha no rosto, mas pareceu surtir efeito satisfatório. Ele foi para longe.
“Eu deveria ir logo buscá-lo, não é?”, Arthur emitiu um assovio estridente e seu cavalo retornou de um trote, as rédeas arrastando no chão. “Volto num instante”, ele disse enquanto montava em um movimento flexível e galopou de volta do mesmo modo que tinha vindo.

Lua ficou assistindo-o até que ele desapareceu do seu raio de visão, então ela apressadamente correu para se vestir no andar de cima. Ela continuou olhando pela janela, medo e fúria lutando dentro dela. Nicky estava lá fora no topo de um precipício. Qualquer coisa poderia acontecer.

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