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quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Cap 3-3 "A Princesa Roubada"

Parte 3

“O que ‘que’ tu ‘ta’ fazendo?”.
Nicky ficou tão surpreso que quase caiu do precipício. Ele tinha se debruçado, e estava assistindo. Ergueu um punho à medida que girou, mas em vez de uma horda de homens sinistros, havia apenas um menino maltrapilho e um pouco mais velho do que ele, com rosto e olhos afiados, escuros e corajosos. Ele estava puxando um pequeno carrinho de mão de duas rodas.
“Quem é você?”, ele segurou as rédeas de Trojan defensivamente.
O menino franziu o cenho. O rosto estava notavelmente sujo. Nicky duvidava que seu cabelo tivesse sido escovado em semanas. Os pés estavam descalços, a calça comprida estava esfarrapada, mas ele não mostrava nenhum sinal de vergonha. “Eu te perguntei primeiro! E o que você ‘ta’ fazendo com Trojan?”.
O tom dele atormentou Nicky, incitando-o a responder para um menino que ele sabia ser de uma classe inferior a sua. “Estou protegendo ele”, ele respondeu de jeito firme como o pai dele tinha ensinado.
“De quê?”.
“De ladrões de cavalo”.
Ladrões de cavalo?”, o menino disse desdenhosamente. “Como se alguém por aqui fosse louco o suficiente para dar um sumiço com o Trojan do Sr. Thur!”.
Sumiço?”, Nicky não entendeu.
“Sumir—‘num’ sabe o que isso quer dizer? É roubar, furtar, surrupiar—”
“Oh”. Nicky pensou por um momento. “Então você não acha que existem ladrões de cavalo por aqui?”.
O menino cuspiu. “’Naum’. Nunca ouvi falar disso e vivo aqui desde que nasci. E mesmo que houvesse, ele não conseguiria ir longe. Todo mundo por esses lados conhece o Sr. Thur e Trojan”.
Pensativamente Nicky soltou as rédeas. Tinha sido como ele tinha pensado no princípio: o Sr. Aguiar o queria fora do caminho. Ele, como o pai, achavam que Nicky era inútil.
“Então, pro quê ‘cê’ ‘tava’ olhando? — o menino sujo exigiu, ainda um pouco hostil.
Nicky apontou. “Aquele chinelo, aquela coisa azul lá embaixo”.
O menino olhou com os olhos semicerrados, então concordou com a cabeça. “Um chinelo, é? Então tudo bem, você pode pegar ele. Estava preocupado, achei que você estava atrás dos meus ovos e tal”.
“Ovos e tal?”.
O menino fez sinal com o queixo na direção dos precipícios. “Eu pego ovos nos ninhos lá. Bom ‘pra’ comer, aqueles ovos”.
“Oh”. Ovos de aves marinhas selvagens? Um manjar inglês, sem dúvida, Nicky pensou.
O menino olhou para o precipício abaixo e enrugou o nariz. “O que você quer com um chinelo?”.
“Isso é da minha conta”, Nicky disse. Ele não achou adequado revelar que a mãe tinha estado sem chinelos para este menino estranho e sujo.
“Então ‘cê’ vai buscar eles, então?”, o tom do menino era ligeiramente cético.
“Eu poderia”.
“Não com estas botas, ‘nem‘ mesmo’”.
Nicky olhou para as próprias botas. “Por que não?”.
O menino cuspiu novamente. “'Porque você vai cair e morrer, é por isso que não. Essas solas de couro extravagantes vão deslizar nas pedras e nas lamas. Você não vai conseguir se segurar”.
“Oh”.
“Então, tira elas”.
“Você está dizendo que eu devo ir lá sem sapatos?”.
“É assim que eu faço. Você vai conseguir se segurar melhor com os dedos dos pés. Nunca caí. Você nunca escalou um precipício antes?”.
“Nunca”, Nicky admitiu. Ele nunca tinha andado do lado de fora da casa com os pés nus, também, mas não iria admitir isto.
“Bom, então me escute—eu sei tudo sobre isto”, disse o menino. “Alguns me chamam de Macaquinho porque eu sei como subir nos lugares, mas meu nome real é Jim”.
“Como vai você, Jim. Eu me chamo Nicky”. Ele fez uma leve reverência.
“Oh, elegante você, ‘naum’?”, disse Jim com um sorriso. Ele estendeu uma mão imunda com as unhas com as bordas pretas, e Nicky, cuidadosamente as agitou. “Estou contente por te encontrado, Nicky. Bem, continue, tire as botas”.
Nicky se sentou para tirar as botas. Jim curiosamente assistiu. “Perna ruim, eh?”.
Nicky não respondeu, mas o sentimento de vergonha o invadiu.
“Meu pai tinha uma perna ruim, também, algo assim. Um tubarão tinha ‘rancado’ metade da perna dele. Mas isso não parou meu pai. Ele tinha uma perna de gancho, sabia?”, Jim disse alegremente. “Bem, você tem que buscar o seu chinelo. Eu preciso ir. Achei uma coisa boa esta manhã”. Ele desapareceu atrás de um arbusto desgrenhado e reapareceu puxando uma danificada e barrenta mala de viagem.
Nicky não teve nenhuma dificuldade em reconhecê-la. “Esse é a minha mala!”
“É meu. Eu o vi primeiro. Quem vê primeiro é quem fica”. Jim disse e a colocou sobre o seu carrinho de mão.
“Mas ela me pertence”.
Jim bufou rudemente. “Uma ova que é sua! Eu achei na praia esta manhã, e arrastei até aqui em cima, então é minha!”.
“Mas ela contém todas as minhas coisas e da minha mãe!”.
“Boa tentativa, mas eu não nasci ontem. Achado não é roubado. Você fica com o chinelo, e eu fico com isto”. Ele pegou uma fita de barbante para amarrar a mala ao carrinho.
Nicky correu e tentou tirar a mala. “Não! Não é sua. Você não pode ficar com ela!”.
Jim empurrou Nicky para trás com força e ficou firme com os punhos cerrados. “Tente me parar”.
“Muito bem”. Nicky ficou de pé e cerrou os punhos, pronto para lutar com o menino maior. Ele tinha recebido lições na arte do pugilismo. Ele se moveu para mais perto e deu um morro no menino. Em retorno, Jim deu um soco, e em seguida um pontapé firme na perna ruim de Nicky. Com um grito de dor, Nicky caiu esparramado na lama.
Enquanto ele lutava para ficar de pé novamente, os seus dedos encontraram uma pedra, e ele se lembrou do conselho que o Sr. Aguiar tinha dado a sua mãe. Medindo a pedra, ele correu para o menino, gritou o mais alto que podia e bateu a pedra com força no nariz dele.
Houve um som repugnante, o rosto sujo do menino ficou cheio de sangue e ele caiu por terra. Nicky ficou olhando, com horror, e soltou a pedra. Ele não queria machucar o menino, apenas queria impedi-lo de roubar sua mala.
“O que diabos está acontecendo!”, Sr. Aguiar exclamou por detrás. “Quem é esse?”.

Os lábios de Nicky tremiam. “O nome dele é Jim, e eu acho que o matei!”


Começando...Quero comentarios ok?Ai hoje mesmo ja posto o capitulo do 1 beijo!

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