Parte 2
Pobre pequeno rapaz, por ter sido forçado a montar nos cavalos apenas para
continuar caindo. Thur se lembrou de Harry caindo também, mas tinha sido
escolha de Harry tentar e tentar novamente. Harry não conseguia se afastar dos
cavalos.
Quando eles chegaram aos campos abertos Thur disse, “Nós iremos um pouco
mais rápido agora, podemos?”.
Nicky concordou com a cabeça. Thur sinalizou e Trojan começou a trotar.
Nicky se segurou com força, mas logo pegou o ritmo. “Seria mais fácil se você
tivesse uma sela que se ajustasse a você”, Thur disse a ele.
“Eu nunca usei uma sela”, o menino disse. “O único jeito de aprender era no
pelo. Esse jeito é para se aprender a dominar o cavalo. Meu pai tentou—” ele
cessou bruscamente. “Eu não deveria falar sobre papai”.
“Não importa”, Thur disse facilmente. Ele estava começando a formar um
retrato do pai do menino. “Nós devemos tentar um meio galope?”.
“Sim”, Nicky disse firmemente.
“Deixe-me saber se você quiser que eu diminua a velocidade”.
Nicky não disse nada. Trojan era um cavalo de andar muito macio. Eles foram
a meio-galope até que o mar surgisse no campo de visão, reluzindo brilhante sob
o sol matutino. O passo do cavalo não se alterou, mas ele ergueu a cabeça e respirou
o ar avidamente. Trojan estava desejando um galope. Assim como Thur.
“Que tal se formos um pouco mais rápido? Você não cairá, eu prometo”.
O menino concordou com a cabeça, então Thur permitiu ao cavalo ganhar
velocidade. O menino não fez nenhuma objeção e depois de um momento deu a
Trojan o controle da situação. Eles trovejaram juntos, a crina do cavalo
fluindo para trás, seus cascos cortando a relva. O menino não fez um som. As
mãos pequenas agarravam os antebraços de Thur.
Logo eles alcançaram o caminho de precipício estreito e Thur relutantemente
puxou as rédeas de seu cavalo.
“Como foi?”, ele perguntou à criança. Não houve nenhuma resposta. Thur se
debruçou adiante e girou o rosto do menino para que pudesse vê-lo. Os olhos estavam
fechados com bastante força, o pequeno rosto estava pálido, sem expressão.
Thur estremeceu. Por que diabos a criança não tinha dito algo se estava tão
assustado? Ele se sentia como um tirano. Ele abriu a boca para se desculpar.
Os olhos de Nicky se abriram. Ele tragou. “De novo”, ele sussurrou. “Faça
isto de novo”.
Não era medo nos olhos do menino, Thur percebeu de repente. Era alegria.
“De novo?”.
Nicky concordou com a cabeça. “Sim, só que mais rápido!”.
Thur jogou a cabeça para trás e riu. “Você irá, jovem Nicky! Você irá. Mas
nós não podemos ficar vagabundeando ainda— preciso te levar de volta antes que
a sua mãe sinta sua falta. E primeiro nós temos que ir buscar aquela mala”.
“E o chinelo da mamãe?”.
“Possivelmente”. Ele acrescentou,
“Se eu desmontar e levar Trojan, você pode se sentar lá em cima sozinho?”.
Ele pareceu incerto, mas movimentou a cabeça topando. Thur desmontou e
deixou Nicky segurando-se ao chifre da sela. Ele levou o cavalo ao longo do
caminho estreito, procurando por sinais das atividades da noite passada.
“Ah, foi aqui que aconteceu”, ele disse afinal. Ele desceu o menino e jogou
as rédeas para ele. “Poderia amarrar Trojan em um arbusto?”, Nicky tomou as
rédeas com ar de importância e levou o grande cavalo para longe.
Thur perscrutou acima da extremidade do precipício para o caminho que levava
até a praia cheia de seixos. Uma subida difícil para uma mulher e uma criança
com uma perna ruim, especialmente na escuridão, sem falar da mala. Por que
diabos, de todos os lugares, ela tinha parado justamente aqui?
Nicky se juntou a ele e ficou estudando o local também. “Foi muito difícil
subir na escuridão. A gentia não conseguia ver e o caminho e era muito íngreme”.
Ele acrescentou, “Mas não estava tão barrento quanto agora”.
“Sim, vocês tiveram sorte de chegar antes da chuva cair”, Thur disse. Seria
uma expedição escorregadia; o declive continha várias e pequenas pedras com
lodo. Thur estava contente por não ter colocado suas botas novas.
“Mamãe estava muito brava com o capitão do barco. Ela queria que ele a
levasse até a enseada de Lulworth mas ele
nem ligou!”.
Thur reprimiu um sorriso. “Céus!”.
“Papai teria mandado açoitá-lo. Mamãe explicou para mim na praia que eles
não sabiam quem nós so—”, ele cessou bruscamente com uma expressão de culpa.
“Oh”.
“O que foi?”, Thur disse. “Desculpe, eu não estava escutando”.
“Nada”. Nicky relaxou.
Thur estava intrigado. Quem era ela, para que o filho ficasse tão surpreso com
o fato de um capitão de barco—mesmo um de contrabando—ter se recusado a obedecer
uma ordem da mãe dele?
“Eu não posso ver a mala, mas acho que ela deve ter feito um rastro quando
caiu—vê algo?”, ele apontou para uma vegetação baixa, agarrada a uma pedra, que
tinha sido recentemente quebrada e as pedras estavam reviradas. “Eu descerei e
darei uma olhada. Espero que ela não tenha ficado enterrada debaixo de lama”.
“Olhe! É o chinelo da mamãe”. Nicky apontou excitadamente.
Com certeza era, um pequeno fragmento de azul, entalada contra algumas
pedras pontiagudas e rodeada por espuma de ondas ameaçadoras.
“Isso pode ficar lá”, Thur decidiu.
“Oh, mas são os chinelos favoritos da mamãe”.
“Não, é muito perigoso. Toda aquela chuva de ontem à noite deve ter levado
a terra que prende as pedras no lugar—isso aqueles estão com lodo”. Thur gostava
de se arriscar, mas não via motivo para fazer uma subida tão perigosa por causa
de um chinelo.
Ele deslizou até a extremidade e começou a descida em direção à mala. Uma
avalanche pequena de pedregulhos veio atrás dele e o fez olhar para trás. Nicky
estava vindo, também. “Não, você fica aí”, Thur ordenou.
“Eu quero ir”.
“Você não pode, é muito perigoso”.
“Eu posso fazer isto. E é a minha
mala de viagem”.
“Não discuta comigo, menino! Fique lá”. Era um milagre a criança ter
conseguido subir por esse caminho perigoso. Descer novamente com uma perna tão
ruim—e depois de uma noite de chuva quando a terra estava mole—era procurar problemas.
“Peço desculpas. Só queria ajudar”, Nicky disse com voz baixa, firme.
Oh, Deus, ele tinha magoado a criança. Tarde, Thur se lembrou do ódio de
seu meio irmão pela perna fraca, a recusa de Harry de ser do jeito que era, sua
determinação em fazer quaisquer coisas que os outros meninos fariam.
“Você pode ajudar. Você poderi—”, ele tentou pensar em alguma tarefa. “Você
pode cuidar de Trojan”.
Nicky parecia teimoso. “Trojan está preso. E ontem à noite ele estava livre,
mas quando você assobiou, ele veio”.
Thur não estava acostumado as pessoas questionarem suas ordens. Mas ele não
podia berrar com uma criança de sete anos da mesma maneira que fazia com um
recruta rebelde. “Sim, mas isso foi de noite”, ele disse. “Durante o dia há mais
pessoas ao redor. Ele é um animal muito valioso e eu preciso que você cuide
dele para evitar, hmm, ladrões de cavalos”.
“Ladrões de cavalo?”.
“Sim, ladrões de cavalo. Homens muito perigosos, esses ladrões de cavalo.
As hordas deles ficam vagando pela zona rural, procurando por cavalos valiosos.
Eles não estão interessados em meninos”, ele acrescentou apressadamente, “somente
em cavalos. Então
se você vir homens de aparência sinistra vindo nesta direção, você deve me
gritar com toda a força de uma vez. O mais alto que puder. Está claro, Nicky?”.
O menino bateu os sapatos de maneira militar. “Sim, senhor! Cuidarei do cavalo”.
“Bom rapaz!”, Thur recomeçou a descer, deslizando e passando por lugares
onde as pedras tinham se retirado em favor da lama. Realmente estava bastante
perigoso.
Continua...
Comentem....não mata!
Comecei a ler hoje e já estou amando! Posta mais *--* ... Uma pergunta, você só posta quando tem tempo ou tem dias específicos??
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