Parte 1
“Minha casa! Meu gato! O que—quem—!”, Mel ofegou quando conseguiu respirar
de novo. “Eu preciso—”
“Não se preocupe, senhorita. Está tudo certo e você está segura agora”. Ele
persuadiu o cavalo.
“Segura. S-sim”. Ela se agarrou à sela. Ela nunca tinha viajado tão rápido na
vida. Ela tentou olhar para trás, tentou ver por sobre o ombro dele. “Mas o que
foi aquele barulho? E quem é você?”.
“Chay Suede, à sua disposição, senhorita”.
Mel tardiamente lembrou-se de seus modos. “Obrigada, Sr. Suede”, ela conseguiu
dizer tremendo. Ela mal podia acreditar que realmente tinha escapado daqueles
homens vis, segura e inteira. Ou algo assim.
Saltando sobre um cavalo galopante quase voando, sendo sequestrada por um irlandês
estranho, não era exatamente seguro.
“Os porcos não te machucaram?”.
“N-não. Obrigada”. Mel estremeceu sob a tensão do braço dele ao redor dela.
Ela tentou olhar para trás. O que estava acontecendo? Ela esperava vê-los
correndo na estrada atrás deles, mas não podia ver ninguém.
“Não consigo ver ninguém nos seguindo”, ela disse.
“Eles estão armados? Com armas de fogo, quero dizer”.
“Não. Acho que o líder tinha uma arma de fogo, mas ele partiu”.
“Há quantos deles?”.
“Quatro. Eles tinham acabado de aparecer”, ela disse estremecendo ao se lembrar.
Ela tinha aberto a porta de trás para deixar a gatinho Kitty sair quando sete grandes
homens estrangeiros apareceram diante dela. “Havia sete esta manhã, mas o líder
e mais dois foram embora depois de terem me amarrado”. Ela esfregou os pulsos.
Ele ergueu o pulso dela e o olhou de relance. Estava esfolado e em carne
viva. “Os demônios!”, ele murmurou.
Ela olhou para a mão grande e de aparência áspera dele. Cheia de cicatrizes
e cortes, testemunhando uma vida dura, não era a mão de um cavalheiro.
Ela não podia ver a outra mão dele, mas podia senti-la. Segurando-a bem
firme.
“Eles me desataram para cozinhar para eles!”, ela disse a ele. “E para
atender a porta”.
“Eles não te machucaram… de nenhuma maneira?”.
Mel sabia o que ele estava perguntando. “Não”, ela disse a ele. “As
solteironas sem graça não fazem o gosto deles, graças a Deus”.
Ele deu a ela um olhar estranho. “Mas eles te fizeram cozinhar para eles?”.
“Sim. Eles comeram toda a comida que eu tinha em casa”. Ela acrescentou
furiosamente, “E eles mexeram nas minhas coisas do modo mais insolente. E
fumaram! E um chutou o meu pobre pequeno gatinho Kitty enquanto os outros riam
da maneira mais cruel”. Ela estava tremendo muito, mas agora que estava livre,
a raiva que tinha cozinhado em fogo brando agora estava quase borbulhando.
“Obrigada por me salvar. Foi muito valente da sua parte se envolver para
ajudar uma pessoa em dificuldade”.
“Oh, eu estava indo diretamente de encontro ao problema, senhorita. Você
fez bem em me advertir do modo que fez”.
Ele queria dizer a nota dela. Ela desejou que ele a ajudasse, mas ela não tinha
imaginado nada como isto. Tão corajoso! Tão audacioso ao simplesmente pegá-la
das mãos daqueles vilões desprezíveis e levá-la sobre o cavalo assim como… como
Young Lochinvar.
As frases vinham à mente dela, na mesma batida dos cascos do cavalo.
Um toque na mão e uma palavra no
ouvido,
quando alcançarem a porta, e o
corcel tiver surgido;
Então a luz brilhará na loura dama
com a qual dançou,
Então a luz iluminará a sela adiante
na qual ele a colocou!
Ela não era nenhuma Ellen loura de um poema. Nem noiva de ninguém. A nota dela
dizia a ele que fosse buscar autoridades, não que a levasse galopando.
Era uma coisa tão precipitada de se fazer. Valente. E ele não tinha hesitado.
“O que foi aquele barulho que nós ouvimos quando—hm, partimos?”.
“Isso foi o Capitão Aguiar, fazendo um pouco distração enquanto eu te pegava”.
“Não soou como se fosse pouco. Espero que o meu chalé esteja bem”. Ela não
tinha nenhuma ideia de como montar num cavalo, mas estranhamente, não tinha nenhum
medo de cair. O braço dele era como uma faixa de aço ao redor dela; o peito
dele parecia uma pedra morna e dura. E seu corcel trovejava, quase voando, o ventre
quase tocando a terra.
“O que ele estava fazendo?”, ela perguntou, girando a cabeça novamente.
Os dentes brancos dele relampejaram brevemente em um sorriso enviesado.
“Mantendo-os ocupados”.
Ela olhou fixamente para aquele sorriso, uma luz branca em um rosto
bronzeado. Ela podia ver a textura da pele dele, finamente marcada e escurecida
com a aspereza lânguida dos pelos. O sorriso se alargou devagar e ela percebeu
que ela o estava observando.
“Nós não devíamos voltar?”.
“Para quê?”.
“Para ajudar o seu amigo a lutar com eles. São quatro contra um”.
“Ah, mas eu já o vi controlar situações piores. Minhas ordens eram para te
deixar em segurança primeiro”.
“Eu ficarei muito bem aqui. Eu insisto que você me deixe e volte para
ajudá-lo!”.
Ele agitou a cabeça. “As ordens do capitão foram para te deixar em segurança. Não se
preocupe com ele. Apenas se segure firme. Já acabou, senhorita Mel”, ele
murmurou.
Não estava terminado, Mel sabia. Ela tinha que advertir Lua de alguma
maneira. “Nós devemos notificar as autorid—” ela cessou bruscamente. Ele a tinha
chamado pelo seu nome! Ela endureceu. Chay Suede a tinha chamado de senhorita Mel. Ela pensou que ele fosse um
estranho passando, mas se ele sabia o nome dela, não era um estranho. Então quem era ele?
Eles chegaram à estrada principal e ao invés de virarem à direita, rumo à aldeia,
ele virou à esquerda.
“Você está indo no caminho errado, Sr. Suede”, ela disse a ele, com as
suspeitas aumentando.
“Não, nós estamos indo para Grange”.
“Grange? Por quê? Eu não conheço ninguém em Grange”. Ela criou coragem para
saltar do cavalo.
O braço dele apertou. “Sua amiga, a Sra. Prinny, está lá”.
“Eu não conheço nenhuma Sra. Prinny”, ela disse com a voz firme.
Ele inclinou a cabeça lateralmente. Ela podia senti-lo olhando para ela.
“Ela te conhece, senhorita Mel. Ela e o filho estavam vindo para ficar com você”.
“Você quer dizer—?”, Mel parou a tempo. Esse poderia ser outro dos
estratagemas do Conde Anton. Ela apertou os lábios bem juntos, determinada a não
dizer mais nada.
“’Alvez’ eu tenha dito seu nome errado”, ele disse facilmente. “Eu pensei
que ela tinha-a chamado de Mel. Ela disse que não te vê desde que era uma garota
jovem. Ela é uma moça pequena e rechonchuda com cabelo claro e olhos castanhos
bonitos”.
Ela relaxou. “Eu sou a senhorita Melanie. Apenas alguns de meus alunos mais
queridos foram permitidos de me chamarem de Mel.”
“Estava frenética por sua casa”, Chay Suede continuou. “Se ela não estivesse
com tanto desespero pelo filho, acho que ela mesma teria invadido o chalé.
Parecia achar que era culpa dela você estar em apuros”.
“Oh, mas ela não devia se culpar”.
“Não importa, minha querida, vai dar tudo certo”, ele disse e deu um aperto
na cintura dela. Mel deveria tê-lo repreendido, mas por algum razão ela não conseguiu
fazer isso. Sem dúvida era porque ela devia a ele por seu salvamento.
E porque Young Lochinvar não faria melhor.
“Eu a ganhei! Passamos pela areia, arbustos, e
rochas;
E eles trarão corcéis atrás de
nossas botas!”, disse Young Lochinvar.
O corpo grande dele era muito quente. O calor passava através do justilho do
vestido dela.
Mel olhava fixamente adiante. O cabelo fluía atrás dela, batendo em seu
rosto. Algumas vezes ela o sentiu indo para o lado, e ela queimou com embaraço
e tentou colocá-lo dentro do colarinho. Ela não conseguia pensar na última vez
que tinha estado ao ar livre com o cabelo descoberto, assim solto. Parecia tão…
sem vergonha.
O cavalo estava cansando. Eles diminuíram a velocidade para um meio-galope.
Um elegante curricle cinza apareceu adiante e o braço dele apertou ao redor de Mel,
quase prendendo a respiração dela.
“O que diabos—” ele exclamou. “Ela está indo no caminho errado! E onde está
o rapaz?”.
Mel ofegou algo e ele olhou para baixo. “Desculpe”, ele disse, e a faixa de
aço afrouxou. “Às vezes não sei a força que possuo. Você está bem?”.
Mel anuiu com a cabeça, ofegando em grandes quantidades de ar, então percebeu
que o curricle vinha na direção deles e que quem estava dirigindo não era ninguém
menos do que Lua com um casaco e chapéu de homem.
“Mel!”, Lua gritou assim que ela estava perto o suficiente. “Oh, minha Mel
querida! Graças a Deus você está bem!”.
No momento em que o curricle parou, Chay foi para o lado dele e soltou Mel
nele, entrando no meio do reencontro extasiado feminino com, “eu não sei o que
você está fazendo aqui, madame, ou o que você fez com o seu menino—”
“Ele está seguro, claro! Eu não estaria aqui, caso contrário!”.
“O capitão não vai gostar disto, madame. Ele espera que suas ordens sejam seguidas
ao pé da letra”.
“Bem, eu não sou um dos soldados dele. É por minha culpa que Mel, você e ele
se arriscaram e eu não vou fugir com as únicas armas”.
“Não são as únicas armas, madame. Com todo o respeito, a senhora não viu o
capitão lutar. As mãos nuas dele são armas. Agora, vou voltar para ajudá-lo—e
não, você não vai”, ele disse enquanto erguia as rédeas, olhando para ver se
estava tudo certo.
“Mas—”
“Madame, você não pode lutar: luta é coisa de homem. O capitão e eu tenho
estado em mais lutas do que a senhora já teve jantares quentes—”
“Mas—”, ela parecia amotinada.
“Você só ficará no caminho. O melhor é que as duas voltem a Grange. Leve a
senhorita Mel para lá e dê a ela uma boa xícara de chá. Diga ao Barrow o que
está acontecendo. Eu voltarei e ajudarei o capitão!”, ele deu a volta com o cavalo
e se preparou para galopar de volta.
“Tome as armas de fogo!”, Lua gritou.
Ele hesitou, então disse, “Não. As ordens do capitão foram que vocês ficassem
com elas para se protegerem. Nós faremos tudo, não temam”. Ele persuadiu o cavalo
e voltou pelo caminho que tinha vindo.
Ambas as mulheres o observavam. “Os homens são tão cabeças-duras”, Lua fungou.
“Saindo para a batalha e me deixando com as armas de fogo!”.
Mel estava igualmente irritada. “Uma boa xícara de chá, francamente!”, ela
olhou para Lua. “Onde está Nicky?”.
“Seguro”, ela disse. “Eu o deixei com o Barrow. Mel, quantos homens estavam
na suo chalé?”.
“Quatro”, Mel disse a ela.
“Quatro contra um! E o Sr. Aguiar
sem arma e o Sr. Suede com uma faca!”, Lua tragou e olhou para a amiga. “Mel,
você se importaria muito se nós voltássemos ao seu chalé? Eu não vou voltar
mansamente, não quando estou com armas de fogo, e quando ele está em
desvantagem de quatro para um! Ainda mais que eu sou a causa de todo esse problema”.
“Não é sua culpa e eu não me importo”, Mel disse imediatamente. “Eu queria
voltar e ajuda, só que o Sr. Suede não permitiu”. Ela bufou. “Eu darei a ele uma boa xícara de chá!”.


Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comentem, gosto dos comentários!Sem xingamentos okay?