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segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Cap 5-1 "A Princesa Roubada"

Capítulo V.

Seus lábios eram mornos e firmes e sua ação tão inesperada que no princípio Lua ficou muito surpresa para se mover. Ou resistir.
Ela estava sendo beijada no estábulo como uma criada.
Ela devia gritar. Devia resistir.
Mas o modo como ele a beijava… resistir era inútil.
Ele tinha gosto de sal, maçãs e homem. Era apenas um beijo, ela disse a si mesma, e ainda assim parecia tão… íntimo. Ele a beijava com a boca inteira, não apenas com os lábios, era possessivo e confiante, e ela se sentia derretendo contra ele.
Depois de um momento ele a soltou. Ela permaneceu olhando fixamente para a boca dele, confusa.
“Isso foi errado”, ela murmurou. “Eu sou uma viú––mulher respeitável. Deixe-me ir, por favor”. Ele não se moveu, mas seu olhar desceu para as mãos dela e sua boca se curvou em um sorriso lento. Ela seguiu o olhar dele e viu as próprias mãos segurando firmemente as lapelas do casaco dele com um aperto convulsivo. Ela as soltou apressadamente.
“Se foi errado, faremos certo dessa vez”, ele murmurou. “Este será um beijo muito respeitável”.
Ela apertou as mãos contra o peito dele, com a intenção de contê-lo, mas de alguma maneira, mudou. A boca dele se fechou contra a dela novamente, e novamente ela sentiu aqueles sensações estimulantes, rodopiantes. Ela podia sentir a batida do coração dele sob seus dedos. Ele segurou o rosto dela entre as mãos como se estivesse segurando algo precioso e o beijo continuou eternamente.
As mãos dela deslizaram pelo peito dele, através do queixo firme e áspero dele, e os dedos dela se emaranharam no cabelo dele. A língua dele acariciou a dela e chamas lambiam os nervos dela, reunindo-se em seu âmago.
Quando ele parou, Lua mal podia ficar de pé, e muito menos falar.
As pernas estavam estranhas e semelhantes à borracha e por um momento ela pensou que iria afundar no feno no chão. Ela tentou manter os joelhos firmes para que eles voltassem a funcionar direito e tentou parecer serena. E digna. Uma princesa, não uma criada.
“Eu não beijo homens estranhos”, ela conseguiu dizer de forma fraca depois de um momento. Ela tinha realmente passado as mãos pelo cabelo dele? Ela não era assim. E ainda assim, o cabelo dele estava inegavelmente uma bagunça.
Ele sorriu de um modo que a fez ruborizar e se sentir estranhamente inquieta. “Estou contente por ouvir isto. Mas eu não sou muito estranho, não é? Sempre pensei que era um cara bastante comum”.
Ele era longe de ser comum. “Eu quis dizer que não te conheço!”, ela disse, desesperadamente tentando se recompor. Ela não podia acreditar que tinha se permitido corresponder ao beijo. Ela sabia aonde esse tipo de coisa levava.
Diretamente ao coração partido.
Ele deu a ela um olhar trágico. “Você já me esqueceu tão rápido? Eu sou o cara que te levou para a cama ontem à noite. Você estava encantadora usando uma camisola rosa enorme. Lembrou?”.
Ela corou. “Você sabe o que eu quero dizer”.
“Não importa, já que você aparentemente me esqueceu, eu me apresentarei novamente: Arthur Aguiar, à sua disposição”. Ele deu seu sorriso brilhante e malvado. “Ao seu exclusivíssimo e personalíssimo serviço. Como vai você? Pergunta redundante, realmente. Você está super bem, não é? E certamente tem um gosto delicioso—como mel”.
Ele se debruçou adiante para beijá-la novamente, mas desta vez Lua conseguiu dar um passo para fora de seu alcance. “Não! Pare. É impossível”.
“Desejo que você decida que sou muito possível. Você tem que admitir que estamos progredindo. Na noite de ontem você me chamou de serpente, lembra? Mas você deve saber que tenho sangue muito quente. Você pode sentir isso em mim, não é? Meu sangue quente”.
O rubor em Lua aumentou. Ela não sabia o que dizer ou para onde olhar. Sob nenhuma circunstância ela iria admitir que pudesse sentir qualquer coisa quente nele. Nem sua boca, nem seu corpo grande e quente, nem coisa nenhuma. Ele tinha o sangue extremamente quente para o conforto de qualquer mulher virtuosa.
Ele sorriu. “Bem, se você já terminou de fazer o queria comigo, é melhor nós não ficarmos aqui de bobeira o dia todo”. Ela deu uma arfada de indignação, mas ele continuou, “temos que desempacotar a sua mala de viagem. Temo que esteja bastante danificada pelo mar e um pouco das suas coisas podiam ter sido arruinados”. Ele ofereceu uma mão para ela. “E há ainda a questão do café da manhã”.
Ela girou em direção à porta. Ele a seguiu, dizendo, “da próxima vez nós acharemos um lugar mais confortável”.
Ela se virou. “Da próxima vez? Não haverá próxima vez. Eu te disse antes, sou um respeitável, senhora casad—”
“Viúva”, ele disse, tentando impedir seu prazer de ficar visível. “De mais de um ano, é o que Nicky acha”.
“Você encheu de perguntas um garoto de sete anos—”
“Eu não fiquei enchendo-o de perguntas, apenas… juntas as coisas. Ele falou do pai no tempo passado. Você faz isso, também, de fato”. Ele sorriu. “E você é uma viúva”.
“Sim, mas eu não sou esse tipo de viúva!”.
“De que tipo você está falando?”, ele caminhou vagarosamente na direção dela.
Ela deu vários passos para trás. “Eu sou uma viúva, mas não tenho nenhum desejo de mudar de estado civil! Eu sei que o casamento é um vínculo e não quero isso novamente!”.
“Quem falou em casamento?”.
Os olhos dela se alargaram. “Eu tenho princípios!”.
Ele encolheu os ombros e deu outro passo para frente. “Os princípios não te manterão aquecida de noite”.
Os olhos dela se iluminaram com um cintilar súbito. “Não, mas graças a você eu sei exatamente o que irá”.
O sorriso dele se alargou. “Excelente, então—”
“Um tijolo quente”, ela disse triunfalmente e foi em direção à porta da cozinha.
O filho dela estava sentando em uma bacia, sendo cruelmente esfregado pela Sra. Barrow, enquanto o moleque, Jim, assistia eufórico. “'Horrível, ne?”, ele estava dizendo, mas Nicky sabia que era melhor não abrir a boca enquanto houvesse sabão na mão da Sra. Barrow.
“Espere até ela cortar todo o seu cabelo”.
Lua abriu a boca para proibi-la, mas a Sra. Barrow falou primeiro. “Eu não preciso cortar o cabelo desse menino—porque ele foi escovado nos últimos seis meses, diferentemente de outros que eu poderia dizer! E se você continuar sentado ai fazendo observações tolas, você não ter nenhum café da manhã”.
Jim fechou a boca.
Lua correu para ajudar a Sra. Barrow a enxaguar as espumas do corpo de Nicky. Fazia anos desde que ela tinha dado banho no filho. Quando Rupert descobriu que ela mesma dava banho no bebê, ele a proibira de fazer isto. As empregadas do palácio faziam esse tipo de coisa, não a mãe do filho dele. Uma tarefa tão servil era imprópria para uma princesa.
Lua despejou água morna pelo cabelo do filho, alisando-o, apreciando o cheiro de limpo dele, sorrindo de sua cara contrariada, sabendo perfeitamente bem que Nicky estava agindo assim por causa do menino, Jim.
Estes momentos de proximidade com o filho tinham sido uma consequência inesperada desta jornada.
Nicky saiu do banho para ser secado. Ele permaneceu firme, sabendo que sua perna ruim era visível por todo o cômodo, não fazendo nenhum sinal de que se importava.
Lua se moveu para protegê-lo. Ela esfregou o corpo pequeno com toalhas ásperas, sentindo-se defensiva e brava, embora ninguém tivesse dito uma palavra. Eles que ousassem para ver o que aconteceria!
“Aqui, querida, ele pode usar essas”. A Sra. Barrow passou a ela um conjunto de roupas de um pequeno baú de estanho.
Arthur olhou para o baú. “Isso contém o que estou pensando?”.
A Sra. Barrow não encontrou os olhos dele. “São só algumas roupas velhas do Harry”.
“Você tem um baú cheio de roupas velhas do Harry? Pequenas o suficiente para servir nesses meninos? Há quanto tempo você as tem guardado?”.
“Eles eram muito boas para jogar fora!”, ela disse defensivamente.
“Você poderia tê-las doado”. Ele explicou para Lua, “Harry é tão alto quanto eu”.
“Bem, estou doando a eles agora”, a Sra. Barrow retrucou. “Agora que nosso Harry voltou, a salvo da guerra—e se você quer seu café bom e quente, não dirá mais uma palavra, Sr. Thur!”.
“Nem uma palavra”, ele prometeu apressadamente.
Lua reprimiu um sorriso. Parecia que as ameaças da Sra. Barrow funcionavam também em homens crescidos assim como nos meninos pequenos.
“Oh, mas nossa mala de viagem está aqui agora. Eu não sei ainda quanta água do mar entrou—Nicky pode ter suas próprias roupas secas”. Ela procurou, mas não podia ver a mala de viagem.
“O Sr. Barrow a levou para sua alcova”, a Sra. Barrow disse a ela. “Por que não usa as roupas do Harry por enquanto?”, ela mexeu em uma pilha barrenta de roupas no chão e se dirigiu à copa.
Lua concordou com a cabeça e vestiu o filho com as roupas limpas e gastas de outro menino. Nunca em sua vida Nicky tinha usado roupas tão rotas, mas ele parecia bastante feliz com isto, e mendigos não podiam escolher demais.
“Senhora, tudo naquela bolsa está molhado”, o menino, Jim, disse.
“Como você sabe?”, ela disse, enquanto deslizava a camisa pela cabeça de Nicky.
“Jim, hm, salvou a nossa mala de viagem, mamãe”, Nicky disse. Os olhos dele se encontraram com os de Jim. “Ele a trouxe desde a praia. Foi uma coisa muito difícil e perigosa de se fazer. A chuva fez a lama deslizar pelo caminho”.
“Obrigada, Jim”, ela disse.
Jim mexeu os dedos dos pés nus com embaraço. “Eu não exatamente salvei—”
Nicky interrompeu, com um olhar feroz para Jim. “Ele salvou, mamãe. Ele é muito forte e inteligente”.
Lua terminou de vestir Nicky e deu a ele um beijo na testa. Ela tinha uma boa ideia do que um menino como Jim estaria fazendo com a mala de viagem dela, mas os olhos de Nicky estavam pedindo que ela o aceitasse como seu novo amigo. Ele nunca tivera um amigo. Ele não tinha nenhuma relação com alguém de sua própria idade e seu pai não achava adequado ele brincar com crianças comuns. Lua sabia como era isso. Ela tinha crescido só, também.
“Obrigada, Jim”. Com um impulso ela deu ao menino pescador um beijo na testa também. O menino se envergonhou e as pontas de suas orelhas salientes ficaram vermelhas, mas ele tentou não sorrir. Na mente de Lua, o pai e Rupert rugiram com afronta. Lua sorriu. Ela era sua própria mulher agora, sem ter que seguir as regras de ninguém.
Houve um pequeno silêncio, então o som de uma garganta sendo ruidosamente limpa da entrada, onde Arthur estava apoiado contra o umbral da porta, observando. “Eu não ganho um beijo, também?”, ele disse.
Ela ergueu as sobrancelhas.
“Eu fui buscar a sua mala de viagem dos precipícios”, ele a lembrou e enrugou os lábios sugestivamente.
“Obrigada, Sr. Aguiar, mas a boa ação é a sua própria recompensa”, ela disse docemente. Para a Sra. Barrow ela disse, “devo subir e descobrir a condição das coisas na mala”.
“Quer tomar café da manhã, madame?”.
“Oh, sim, uma xícara de chá e um pouco de torrada seria ótimo, obrigada”.
“E que tal um bom pedaço de bacon, madame?”.
Lua hesitou. Bacon. Há quanto tempo ela tinha comido bacon? Rupert a tinha proibido de comer.
“Muito bem então, um pouco de bacon, obrigada”. Ela pausou. “Onde devo pegar?”.
“Tenho o meu aqui mesmo”. Arthur cruzou o cômodo e balançou uma perna longa sobre uma das cadeiras que cercavam a longa mesa da cozinha.
Lua olhou fixamente. O mestre da casa comia na cozinha? Ela nunca tinha ouvido falar de tal coisa. Ele devia ter lido a mente dela para dizer, “tenho tomado meu café na cozinha da Sra. Barrow desde que tinha a idade de Nicky, ou menos. É o melhor lugar no mundo, era o que pensava quando tinha essa idade, exceto pelos estábulos”. Ele olhou de relance para Jim. “Aposto que Jim também acha, agora que ele saboreou a comida da Sra. Barrow, ne, Jim?”, o menino concordou com a cabeça fervorosamente.
“Devo tomar meu café da manhã…”, Lua não estava certa de onde. Ela apenas sabia que não iria comer bacon na cozinha com aquele homem observando-a. E com o gosto dos beijos dele ainda em sua boca.
“Na sala do café, madame”, a Sra. Barrow sugeriu. “Em aproximadamente quinze minutos?”.
“Sim, se você me disser onde é”, Lua concordou agradecida.

Pernas da cadeira de Thur arranharam o chão de pedra. “Eu te levo”. Arthur ofereceu um braço.

Continua...

Num adianta pedir, cês nunca comentam ela mesmo...ela vai virar semanal...

2 comentários:

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