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segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Cap 16 - 1,2,3 "A Princesa Roubada"


Capítulo XVI.

“Eu?”, ela conseguiu dizer. “Começar?”.
Thur sorriu. “Sim, você começa”. Ele a rolou para cima e se encostou de volta, colocando as mãos atrás da cabeça, e se preparou para aguentar firme. Um homem poderia morrer feliz.
Ela se ergueu sobre um cotovelo e olhou fixamente para ele, desconcertada. “Mas o que eu faço?”.
“Qualquer coisa que queira”. Ela parecia tão adorável, tão desconcertada. Ela disse que queria maior controle, ele teria a certeza de que ela o conseguiria.
Ela se sentou e olhou para ele. Levou cada fragmento de autocontrole que ele tinha para permanecer quieto. Aquilo não era uma camisola, era um instrumento de tortura masculina, revelando… quase tudo, e escondendo… quase nada. Um tecido fino acima dos seios cheios, macios e suaves, um véu de seda que revelava mamilos escuros, firmes e intumescidos, preparados para as carícias dele.
Era mais erótico que a nudez total. Ou talvez fosse simplesmente a mulher na camisola que o excitava mais do que qualquer outra mulher já tivesse feito. Ele tinha até imaginado fantasias eróticas selvagens com ela naquela tenda de flanela rosa enorme que a Sra. Barrow tinha emprestado a ela. Graças a Deus, alguém, algum anjo, tinha dado a ela este convite sedoso para a loucura, esta cobertura que acariciava suas curvas ao mesmo tempo em que escondia e ostentava.
Deus, mas ela era bonita, mesmo com seu rosto sério e doce, apertado com frustração enquanto ela olhava fixamente para o corpo dele.
“Mas o homem sempre começa”, ela insistiu.
“Nem sempre”, ele disse a ela. “Além disso, estou cansado”. Ele se moveu, mantendo as mãos atrás da cabeça, os dedos presos. Ele não confiava em si mesmo em não tocá-la, e era importante que ela tomasse a iniciativa.
Ela obviamente nunca tinha tomado antes. De forma nenhuma ele deixaria que a primeira vez fosse por razões legais. Ou algum tipo ridículo de sacrifício da parte dela.
Ela estava se enganando, fingindo que não estava tão excitada quanto ele. Ela não tinha que admitir em palavras—ele entendia aquele tipo de reticência—mas ele queria que ela soubesse.
Ela tinha começado, provocando-o daquele modo, muito depois que ele a tinha advertido. Agora ele iria deixá-la louca de desejo, do mesmo modo que ela o tinha deixado na noite em que eles tinham se encontrado pela primeira vez.
Então ele iria dar a ela—e a si mesmo—a noite de suas vidas. Com sorte seria a primeira de muitas. Essa era a mulher dele. Ele tinha a intenção de envelhecer com ela, ou morrer tentando.
“Muito cansado?”, ela ergueu as coberturas e observou o calção onde o pau dele estava fazendo de tudo para alcançá-la. “Mentiroso!”, ela exclamou. “Pare de me provocar!”.
“Por quê? Você que está me provocando”.
“Não estou, não”, ela negou indignada.
Os olhos dele saltaram para os seios dela envolvidos pela seda. As mãos imediatamente surgiram para esconder a nudez, e ele quis gemer, mas quase de uma vez os olhos dela ficaram pensativos e vagaram até o peito nu dele.
Ela tocou com uma mão e a deslizou através do peito dele, acariciando ligeiramente com as pontas dos dedos, explorando e observando o rosto dele para ver sua reação. Ela tocou em um mamilo. Ele se enrijeceu com o toque dela. Ela o esfregou suavemente, então começou a tocar nos dois. Ele gemeu e se arqueou sob a mão dela, lutando para manter o controle.
Ela afagou o peito dele pensativamente com uma mão, a outra arranhando ligeiramente ao redor do mamilo. Ela olhou para a linha lânguida de pelos escuros que seguia pela barriga dele e chegavam até o calção e ele se segurou, mas ela não fez nenhum movimento naquela direção. Droga.
“Você é como uma estátua viva”, ela murmurou, correndo as mãos apreciativamente, acariciando cada protuberância e ondulação dos músculos. “Pensei isso enquanto estava colocando aquele unguento em você. Com proporções perfeitas, tão firme e duro, e ainda assim quente”. Os seios dela o tocaram ligeiramente enquanto ela se movia.
“Muito duro”, ele ofegou. “Muito quente”. Ele não conseguiria aguentar muito mais. Quem deveria estar deixando quem louco? Ele se perguntou.
Ela olhou de relance novamente para a protuberância no calção e mordeu o lábio pensativamente. Ele gemeu em voz alta. “Esta sua boca ainda vai me matar um dia”.
“É?”, ela pareceu contente e se curvo para beijar a boca dele ligeiramente. Ele aproveitou a oportunidade, faminto, a boca reivindicando a dela, saboreando, atraindo, possuindo.
Ela recuou, os olhos brilhando, escuros e nublados com desejo. Ela olhou vagamente para o calção dele. “Você se importaria se eu—”
“Não! Vá em frente”, ele disse e se segurou enquanto ela agarrou os botões que fechavam o calção.
Ela os soltou, um por um, então lentamente, quase cautelosamente, o puxou, o tecido de algodão deslizou através da ponta sensível de sua ereção. Ele arqueou as costas, então esperou, os olhos fechados, os punhos cerrados, esperando que ela o tocasse.
Nada.
Ele abriu os olhos e olhou. Ela estava olhando para ele, examinando sua masculinidade curiosamente, mais como um virgem do que como uma mulher casada e mãe.
“Bem, continue, você já viu um destes antes”, ele ralou.
“Eu realmente não tinha visto ainda”, ela disse. “Não de um adulto, de qualquer maneira. Rupert nunca tirava suas roupas. Não para mim”. O rosto dela se escureceu por uma fração de segundos enquanto dizia isto, mas ele estava já muito longe para manter uma conversa.
“Eu já o senti, claro, mas nunca com as minhas mãos. Você se importa—”
“Não. Vá em frente”. Ele não queria ouvir sobre Rupert.
Ela o tocou, como uma tentativa no princípio, apenas acariciando o comprimento dele ligeiramente com a ponta dos dedos. Ele sentiu o choque claramente até as solas dos pés. Então ela o envolveu com a palma da mão e o apertou. Ele quase explodiu.
E isso foi o máximo que ele pôde deixá-la tomar a iniciativa. Ele a pegou pela cintura e em dois segundos ele tinha tirado aquela coisa de seda dela e ela estava estendida, nua, embaixo dele.
“Eu… não posso… esperar!”, ele conseguiu dizer, deslizando os dedos entre a xoxota dela à medida que falava. Ela estava quente, lisa e pronta para ele e ele cegamente a penetrou, entrando sem sutileza.
O interior dela era apertado, mais apertado do que ele esperava. Ele estava vagamente ciente do modo como ela se agarrava a ele, movendo-se contra ele, estava além de qualquer controle, o corpo dele se movia primitivamente como se a besta dentro dele o empurrasse de forma cega, possessiva: sua mulher, sua esposa. Uma vez, duas vezes, e então ele se quebrou.
Ele não estava certo de quanto tempo havia passado até que ele voltasse a si novamente, mas com o retorno de consciência veio a culpa e a auto-recriminação. Quanto mais pensava, mais mortificado ficava.
O plano tinha sido seduzi-la, atraí-la; deixá-la louca de desejo.
E o que ele tinha dito mais cedo sobre nunca se jogar? De ser mais sofisticado do que isto? Ele gemeu.
Ele tinha feito pior do que se jogar sobre ela. Ele não tinha colocado um dedo nela até que a tinha aberto, e então ele não esperou por qualquer sinal dela além de estar molhada. Ele cegamente a cobriu, egoisticamente para seu próprio clímax, inconsciente de qualquer coisa exceto sua própria necessidade.
O melhor que ele podia esperar era que ela estivesse furiosa. Ou pior, que ela o odiasse.
Ele abriu os olhos e a encontrou observando-o. “Eu sinto muito”, ele disse.
Ela não respondeu. Ele não podia ler a expressão dela porque seus olhos estavam na sombra. “Eu sinto muito”, ele disse novamente. “Eu não sei o que dizer. Eu não—eu nunca — não desde que era jovem—”
Lua estava ainda muito atordoada com o que tinha acontecido para falar. Ela tinha colocado a camisola de novo depois que ele tinha terminado. Agora ela tinha puxado as cobertas sobre si. Estava começando a esfriar.
Então, agora ela sabia como era dormir com Arthur Aguiar. Ela não estava bastante certa do que pensar sobre isto, mas sabia que nunca se esqueceria. Ela ainda se sentia inquieta, oca e um pouco zangada, mas também, profundamente dentro de si, estava pasma.
Para ser desejada tão fortemente por um homem como Arthur, que se orgulhava de sempre manter o autocontrole, ele tinha perdido o autocontrole. Ela apenas o tinha tocado e ele tinha explodido. Ela estava espantada.
Fazia com que ela se sentisse… poderosa. Não particularmente satisfeita, mas poderosa.
Ela, Lua, tinha feito isso com ele, feito com que este homem forte e disciplinado a atacasse com desejo voraz. Ele ainda olhava fixa e intensamente para ela.
“Eu irei te compensar”, ele disse, agarrando-a.
Ela ligeiramente recuou. “Mas você já fez. O casamento foi consumado”.
“Não foi”, ele insistiu. “Você não—você não foi consumada. Eu fui muito rápido. E não fiz de forma agradável para você”. Ele a agarrou.
Ela se afastou dele. “Você quer fazer isto de novo? Agora?”.
“Sim. Será melhor, prometo”.
“Não. Está tarde. Estou cansada”. Ela se deitou com a roupa de cama apertada contra o corpo. Ela queria acreditar nele. Ela precisava se proteger. Não queria reviver aquela sensação de ser levada até o alto da montanha e ser jogada, não duas vezes em uma noite.
“Confie em mim. Dessa vez será bom para você, prometo”. Ele puxou as cobertas dela de volta.
“Não!”, ela disse zangada, parando-o. “Eu sei que nós fizemos votos hoje, mas se você não se lembra, eu não te prometi obediência, e é por isso que não”.
Houve um pequeno silêncio, então ele disse, “mas eu ainda preciso cumprir meus votos com você”.
“Nós já consuma—”
“Não isso. Eu jurei que iria estimá-la. E agora eu preciso fazer isso”. A voz dele era profunda e sincera e seus olhos fizeram com que ela acreditasse nele.
Ela olhou para ele desconfiada. “Você está pedindo muita coisa”.
“Eu sei”, ele disse suavemente.
Agora mesmo, ela poderia sair desse negócio, com o coração intacto—quase intacto, ela emendou. Mas ela não esperava isto, a vontade dele de ficar, de fazer ser melhor para ela—mesmo depois de ter realizado suas próprias necessidades—como se as dela fossem tão importantes quanto as dele.
Ele reivindicou que queria estimá-la. Se fosse verdade, como ela poderia resistir?
Ela disse fraca, “é apenas um casamento no papel, uma—uma manobra de xadrez”.
“Então vamos jogar xadrez”, ele disse imediatamente, sentindo a rendição iminente dela. “Cavaleiro preto com rainha branca”. E ele a beijou.
Ele juntou as bocas, moldando-a e separando os lábios dela para ganhar entrada. A língua dele se moveu em um ritmo lento e o corpo dela inteiro respondeu instintivamente. Calafrios quentes ondulavam por ela, indo fundo no desejo que doía dentro de seu corpo.
Ela correu as mãos pelo corpo dele. Firme e quente e ela amava senti-lo, sentir o corpo dele. Ela saboreou a pele dele, salgada e almiscarada, amando o gosto dele.
Ele acariciou os seios dela através do tecido da camisola, uma deliciosa sensação abrasadora que a fez arquear e tremer de prazer. A pele dela estava firme, tenra e incrivelmente sensível. Ela se arrepiou e se apertou contra ele.
Havia intensidade no modo como ele a acariciava, ela percebeu vagamente, como se ele estivesse aprendendo-a, descobrindo o que acontecia com ela.
Tudo que a agradava.
Ele beijou a linha abaixo do queixo dela e ela se contorceu como um gato sob ele, demonstrando as sensações que sentia com a boca dele sobre a pele dela. A boca ardente dele foi para cima do primeiro mamilo, e então para o outro, tocando-o, sugando-o suavemente através da seda, e ela gemeu e se contorceu agitadamente enquanto uma sensação primorosa queimava contra ela em ondas de prazer.
As mãos dela tocavam o corpo dele, apertando, testando, exigindo mais, explorando as pequenas protuberâncias do peito dele, as faixas lisas de músculo firmes através da barriga, e a linha de cabelo escuro que ia da barriga até a virilha. Na última vez que ela o tinha tocado lá ele quase tinha explodido. Ela se perguntou se conseguiria fazer isto com ele novamente.
Ele deslizou as mãos e acariciou a pele lisa das coxas dela, e ela esqueceu sua intenção à medida que elas se abriam, esticadas e trêmulas de expectativa e necessidade. Ele ergue a camisola, mais e mais para cima, o tecido deslizando contra a pele quente e febril.
E então as mãos dele estavam entre as pernas dela, acariciando, circulando, provocando e apertando. Ela arqueou e estremeceu, as pernas abertas e tremendo, fora de controle, e ela o arranhou, querendo algo, alguma coisa, mas sem saber o quê. A boca dele foi até a dela e os olhos dele prenderam os dela enquanto os dedos dele se moviam, moviam, moviam, enviando-a espiralando além dos limites.
Ela se deitou ofegando, metade sobre ele, ainda sentindo os pequenos choques após a sensação profunda dentro de seu corpo. Ela olhou para a parte inferior dele. Ele ainda estava duro, querendo e insatisfeito.
Ela esticou o braço e o colocou na mão, acariciando e explorando do modo como ele a tinha explorado. Ele estremeceu e enrijeceu, friccionando os dentes e firmando as pernas, como se estivesse resistindo.
Com um instinto tão antigo quanto Eva, ela correu a mão de cima a baixo no comprimento dele, acariciando a ponta sensível, correndo os dedos pela pequena quantidade de líquido, alisando por sobre ele. Ela ficou maravilhada com a sensação quente e acetinada dele contra a palma de sua mão e a apertou ao redor dele. Ele gemeu.
Ela parou, não estava certa do que fazer. Ela o queria dentro dela agora, ela estava quente e desejando-o novamente mas ele não se movia, apenas a observava, deixando-a tocá-lo, embora seu corpo estivesse torturado e trêmulo com necessidade contida. Por um momento ela não entendeu o porquê. Ele a queria e ela o queria, então por que ele não…?
E então ela soube. Ele estava se desculpando pela última vez.
“Você podia cavalgar em mim”, ele disse a ela, a voz cheia de necessidade. “Você vai ficar no controle”.
 “Cavalgar você?”, ela estava intrigada. Ela abriu as pernas sobre o corpo dele e então, um pouco desajeitada, se posicionou em cima dele e o guiou para dentro dela. Ela sentiu o comprimento liso e quente dele empurrando dentro dela e parou. Ele gemeu e friccionou os dentes, mas não se moveu. Ela se moveu novamente, abaixando-se até que ele estivesse completamente dentro dela. A sensação era maravilhosa. Ela se debruçou adiante com as mãos na cama de cada lado dele, e experimentalmente se moveu. Ele gemeu e arqueou, e sensações espiralaram dentro dela. Ela se moveu com ele, dobrando os músculos internos, sentindo o comprimento inteiro dele.
Ela se moveu novamente e ele empurrou, e então, de repente, não havia mais nenhuma outra palavra para isto, e ela começou a cavalgá-lo—ela, que nunca tinha montado nenhum outro animal na vida—cavalgou sobre o marido, montou nele enquanto ele empurrava e resistia embaixo dela, movendo-se dentro dela. As mãos dele acariciavam os seios dela à medida que ela se movia, mais e mais rápido, com gritos pequenos, cheios de exultação.
E no último minuto ele deslizou a mão até onde eles se juntavam e a acariciou, e de repente ela estava voando, voando e se partindo em mil pedaços ao redor dele. Com um grito fino e alto ela desmoronou sobre o peito erguido dele, inconsciente de qualquer coisa.
Thur a segurou contra ele, ofegando para respirar, pouco disposto a soltá-la, mal capaz de pensar além da ideia de que tinha acabado de fazê-la esposa de fato como também na lei. Os braços dele se apertaram ao redor dela que estava deitada e saciada sobre ele e a beijou no alto da cabeça. Ele puxou as cobertas para cima deles para que assim ela não sentisse frio.
Ele a tinha reivindicado: agora tudo o que ele tinha que fazer era mantê-la.

Thur despertou algumas horas mais tarde com o som da água gotejando, lenta e inexoravelmente. A chuva tinha parado. Mas não foi isso o que o acordou. Ele escutara. Eram algumas horas na quietude antes do amanhecer, quando Londres estava quase quieta. Tudo que ele podia ouvir eram as últimas gotas de chuva continuamente gotejando.
Ele se esticou até ela, mas ela não estava. Ele se sentou e a viu, enrolada no vão da janela, embrulhada em seu xale vermelho, os joelhos dobrados até o queixo, desviando a vista para a horrível noite cinza.
Ele conhecia aquele olhar, para o lado de fora, olhando. Ou neste caso procurando, querendo algo que ela não tinha, algo lá fora. Ansiando. Não querendo o que tinha: ele.
Thur se sentiu de repente frio. Ela tinha que amá-lo, tinha. Ele a faria, iria forçá-la a amá-lo.
Como se o amor pudesse ser forçado, ele pensou desesperadamente. Mas o que mais ele poderia fazer? Ele tinha que tentar.
Ela gostou do que eles tinham feito na cama, ele estava certo disto, ele teria que dormir e dormir com ela e amá-la até que ela se importasse com ele.
Ela não queria casar com ele. Ele teve que trabalhar duro para convencê-la. E agora depois de sua primeira noite juntos e ela já estava lamentando?
Ele tinha pensado — desejado —que ele tivesse se recuperado do desastre de sua perda de controle. Obviamente não.
A menos que a questão não tivesse sido dormir com ela. Ele estava certo de que ela tinha sentido algo, pelo menos um pouco do que ele tinha, na segunda vez. Se ele sabia alguma coisa sobre mulheres era saber quando tinha satisfeito uma ou não. Ele teria apostado sua vida que dessa vez tinha conseguido. Tinha sido mais do que bom para ele.
Mas ela já o tinha deixado, deixado sua cama. Ela estava sentada lá, sozinha no frio, curvada em uma bola de miséria, olhando para o frio da noite como se houvesse algo lá fora que ela procurava, e queria mais do que qualquer coisa que tinha aqui.
Uma pedra fria surgiu no peito dele. Tudo o que ele tinha trazido para este casamento era a habilidade de proteger o filho dela: uma coisa tão fina para amarrá-la. Ele tinha esperado, e contado com suas habilidades na cama para segurá-la, ganhando tempo suficiente ao menos para tentá-la fazer amá-lo.
Ele não iria perdê-la. Ele tinha que fazê-la amá-lo.
Tão fácil quanto enjaular a lua é fazer alguém te amar.
Mas talvez ele pudesse alcançá-la de outro modo. Talvez ela estivesse preocupada com o filho. Ela era uma mãe maravilhosa. Se ela tivesse que escolher entre o filho e o marido, Thur sabia o que ela escolheria: o filho, o oposto do que a própria mãe dele tinha escolhido.
Arthur, sempre o perdedor no amor.
Mas ele também era um lutador e não iria desistir. Esse pequeno, bonito e contraído pedaço de miséria na janela tinha o coração dele nas mãos, mesmo que ela soubesse, e não, ele não iria devolvê-la.
Ele deslizou para fora da cama e surgiu atrás dela. Observá-la, retorceu seu coração. “O que foi?”, ele perguntou.
Ela deu a ele um olhar desamparado. “Nós não devíamos ter feitos isto”.
“Por que não?”, as palavras saíram rudemente.
A questão ficou no ar. A boca tremia, mas ela acabou agitando a cabeça.
“Nós podemos tentar novamente”, ele disse urgentemente. “Se não foi nada bom—”
“Foi maravilhoso”, ela disse com voz baixa e triste e ele levou um momento para registrar o que ela tinha dito.
“Então—?”
“Eu não quero falar sobre isto”.
Ele olhou fixamente para ela, frustrado. Se ele não soubesse o que era, não poderia resolver. Ela estava fria. Ele foi buscar um edredom e o dobrou ao redor dela, hesitou, e então a trouxe contra ele. Ela não fez nenhuma objeção, graças a Deus, porque ele não sabia se conseguiria deixá-la ir.
Ele a segurou nos braços, dobrada contra o peito dele, aquecendo-a com seu corpo, sustentando-a. Ela desviou a vista da janela, e uma lágrima rolava lentamente pela sua bochecha.
Thur se sentiu desesperado. Como ele poderia fazê-la confiar nele o suficiente para conversar com ele? “O que quer que seja, eu farei direito. Apenas diga…”, não havia nada que ele não fizesse por ela.
Ela agitou a cabeça. As lágrimas vieram novamente, rolando silenciosamente sobre suas bochechas.
“Foi algo que eu fiz? Ou não fiz?”.
O rosto dela se enrugou. “Não”, ela disse entrecortadamente e girou para ele com angústia. Ela o abraçou convulsivamente. “Não é sua culpa. O que você fez—o que nós fizemos juntos foi totalmente… eu nunca tinha… foi apenas… perfeito”.
Os olhos dela se encheram com lágrimas e ela foi para longe dele. “Eu sinto muito; não sei o que está acontecendo comigo. Eu me senti—tão maravilhosa e querida, realmente senti”.
Ela tinha se sentido maravilhosa e estimada, Thur pensou desoladamente. É por isso que ela parecia tão miserável.
O que um homem deveria fazer numa situação como essa?
Como ele poderia ensiná-la a querê-lo do mesmo modo que ele a queria?
“Volte para a cama e deixe-me apreciá-la um pouco mais”, ele disse rouco. Ele não tinha nenhuma ideia do que fazer, além de amá-la. Tudo o que ele podia pensar era que precisava apegar aquele olhar devastado de seu rosto. Se ele pudesse fazer o corpo dela cantar com paixão, e mantê-lo cantando, então talvez…
Ele a beijou, e ela o beijou de volta. Era um começo, ele disse a ele mesmo. Ela beijou como se tivesse realmente a intenção de fazer.
Ele a carregou de volta para a cama e fez amor com ela pela terceira vez, lenta e completamente, apreciando-a com cada pedaço de seu corpo e alma. Ela devolveu cada beijo, cada carícia tenra com um tipo de seriedade desesperada que quase partiu o coração dele.
Ela estava tentando seriamente. Ele sabia o que isso queria dizer.
Os olhos deles se fixaram um no outro enquanto ele a trazia a um clímax lento, intenso, a pressão aumentando implacavelmente até que ela trilhou, estremeceu e desmoronou completamente mole contra ele enquanto ele se partia também e afogava nos olhos dela.
Ela adormeceu com a bochecha contra a pele nua do peito dele, embalada contra seu coração. Ele a segurou, pouco disposto a deixá-la ir, mesmo que por um momento.
Ele iria perdê-la. Podia ver isto em seus olhos.
Oh Deus, o que ele iria fazer?

Thur despertou muito mais tarde para achar o dia bem avançado.
Estava ainda molhado, cinza e frio.
Ela dormia enrolada como um gato contra ele, suas pestanas longas, escuras e sedosas contra a pele de cetim pálido. Ele a assistia dormir, a boca caída e um pouco aberta, ela respirava profunda e regularmente.
Ele se debruçou sobre ela e ligeiramente a beijou, e apesar de ela ter mexido um pouco não despertou. Ele se aninhou contra a base oca entre o queixo e o ombro dela e inalou profundamente. Mesmo que ele vivesse cem anos, nunca esqueceria o cheiro dela.
Ele escapou da cama, nu, e andou através dos tapetes espessos até o fogo, que estava quase apagado. Ele o alimentou com toras de madeira e então o carvão ardeu novamente.
Ele girou para retornar à cama e a encontrou erguida sobre um cotovelo, observando-o. Ele cruzou o quarto, sentindo-se um pouco tímido com o olhar dela. Ela o inspecionava com franco interesse, um pequeno sorriso—ele esperava que de avaliação—brincando em seus lábios.
Ele deslizou de volta para a cama com ela e a beijou.
“Bom dia”, ela murmurou e esticou o braço novamente. A palma da mão dela se enrolou possessivamente ao redor da carne enrijecida dele, e a boca mais adorável do mundo se curvou enquanto ela observava a evidência de seu desejo.
“Realmente um bom dia”, ele murmurou, sentindo uma nova onda de esperança. “E ele está para ficar ainda melhor…”

Posteriormente ele tocou o sino e ordenou água quente para os dois, e ela a usou para um banho. Ele ordenou o café da manhã em seguida.
Então, com uma autoconsciência que o divertiu, ela pediu licença para tomar o banho no quarto de vestir e o enviou para o dele, para que se vestisse e se barbeasse.
Por um momento, Thur considerou a possibilidade de ajudá-la com seu banho, mas decidiu que seria melhor não. Apesar de seus anos de casamento, ela não estava acostumada a encantos sensuais, e ele não queria usar todas suas táticas de uma vez. Seria um assédio longo e lento. Ele podia esperar outro dia, pensou. Talvez na manhã seguinte.
Lua se sentou no banho, ensaboando-se e pensando nos extraordinários e poucos momentos de desespero absoluto que tinha experimentado no meio da noite. Estranho que isso tivesse acontecido algumas horas antes de ela experimentar o momento mais intenso de felicidade em sua vida.
Não era realmente estranho, ela percebeu. A felicidade causava o desespero. Na noite anterior, nos braços de Arthur, ele a tinha mostrado o que tinha faltado em toda sua vida casada, e pior—tinha mostrado a ela como seria esse angustiante casamento se fosse real em vez de meramente legal.
Ela não tinha sido capaz de falar sobre isso na hora—não quando estava se sentindo tão ferida e vulnerável. Todas as suas defesas… ele tinha destruído ao fazer amor com ela como tinha feito. Ela não sabia que era possível se sentir assim.
Ela queria que seu casamento com ele fosse real, queria ter este homem para ela e amá-lo com tudo o que ela tinha a oferecer.
Ele era tudo com o que ela já tinha sonhado: amável, forte e amoroso, um homem para ser estimado e amado, não para ser usado e descartado. Ela o queria para sempre, não para apenas um dia, uma semana ou um mês.
Mas não importava como ela olhasse para a situação, ela não podia ver como daria certo. Um casamento era mais do que apenas sentimentos, era conviver, ter a companhia do dia-a-dia. A vida dele estava aqui. A dela, eventualmente, assim que conseguissem lidar com o Conde Anton, teria que ser de volta a Zindaria.
Zindaria era o futuro de Nicky, sua herança. Que tipo de mãe ela seria se negociasse o glorioso futuro do filho pela sua própria felicidade egoísta?
A família inteira de Arthur estava na Inglaterra: seus irmãos, sua tia, os outros que tinham vindo ao casamento. Seus amigos estavam aqui, também, e eles eram muito próximos, muito mais do que muitos irmãos.
Lua conhecia a importância de amigos e família, ela que tivera poucos ou nenhum. Ela tinha alguns primos distantes dispersos através da Europa com os quais nunca tinha encontrado, e quase nenhum amigo em Zindaria. Uma princesa vivia uma vida muito isolada. Como ela poderia pedir a ele que trocasse sua vida cheia de excitação pela vida rotineira dela em uma terra estrangeira?
Ele tinha família, amigos, uma casa, terras e responsabilidades. Ele pertencia a algo. Que homem desistiria de tudo isso por ela?
Nenhum. Então ela deveria enfrentar e se mover a partir desse ponto.
Ela esfregou a pele vivamente e tentou contar suas bênçãos. Ela tinha deixado Nicky um pouco mais seguro depois do casamento. E ela tinha um marido maravilhoso, embora por tempo limitado. Ela podia se lastimar, esperando pelo dia em que ele fosse embora, ou ela podia tirar o maior proveito possível do que tinha agora. Aproveitar a alegria enquanto estivesse disponível.
Ela se ensaboou meditativamente, ciente do próprio corpo de outra maneira, ensaboando seus seios com mamilos tenros e doloridos, e se recordando do modo como ele os tinha sugado, preenchendo-a com prazer. E a dor agradável entre suas coxas, era em lugares que ela nunca tinha sabido que poderiam doer.
A última vez que ela tinha se sentido assim sobre o próprio corpo tinha sido quando ela dera à luz a Nicky. Ela se lembrou fascinada com seu poder e mistério—o corpo aparentemente ordinário dela realmente estava criando um bebê, um milagre vivo.
Ontem à noite seu corpo a tinha espantado novamente. Ela nunca tinha imaginado o prazer que era capaz de sentir—que podia se partir em mil fragmentos de êxtase e depois se sentir como se estivesse flutuando em uma bolha.
E ela nunca em sua vida tinha imaginado conseguir fazer um homem forte e disciplinado como Arthur Aguiar ficar de joelhos com uma luxúria desgovernada. E ele tinha ficado assim. Três vezes na mesma noite. Quatro, se fosse contar a manhã. Ela sorriu para si mesma. De novo.
Ela não tinha conseguido parar de sorrir a manhã toda. Ela se sentia como o próprio corpo: toda fêmea, poderosa e misteriosa.
Ela de repente não se importou se era temporário, que um dia eles viveriam a centenas de quilômetros de distância, ainda que legalmente casada, mas vivendo vidas separadas. O que traria de bom insistir nessa perspectiva sinistra? Ela tinha feito o casamento para salvar seu filho. Só isso já valia o coração partido que estava por vir.
Ela não entendia os motivos que Arthur tinha para se casar com ela, perguntou-se o que ele conseguiria com o casamento, e agora ela sabia: ela. Ele a desejava. Incontrolavelmente. O corpo dela formigava e doía com o conhecimento. E seu coração exultava.
Era como se, de alguma maneira, algo dentro dela tivesse estourado durante a noite e tivesse sido levado para longe, e agora ela era… diferente.
Ela se sentia de repente mais leve, mais livre, como se a chuva da noite a tivesse lavado e deixado tão limpa quanto à atmosfera. Como uma lousa limpa. Uma lousa, para escrever e reescrever à medida que desejasse.
Ela iria tomar aquele homem e amá-lo enquanto pudesse. E se—quando ele fosse embora, e eles tivessem organizado tudo, ela saberia que o teria amado, e amado bem. E isso seria o suficiente.
Ela se secou e colocou uma camisa seca, então chamou uma criada para que viesse e amarrasse a renda dela. Enquanto ela esperava pela empregada, escovou o cabelo.
Ela não estava mais assustada em perder o coração para ele. Era muito tarde para isto. Seu coração tinha sido perdido algumas horas antes do amanhecer. Talvez quando ele se tinha colocado à mercê dela, tão generosamente. Ele a tinha levado para o topo da montanha e a mostrado como voar…
Ou talvez tivesse acontecido simplesmente quando ela a tinha abraçado quando ela estava sofrendo, envolvendo-a no ser calor e querendo ajudá-la. Ou quando ele tinha beijado as lágrimas dela, fazendo com que ela se sentisse preciosa e adorável, e não tola.
Ou talvez tivesse sido quando ele a tinha levado de volta para a cama e feito amor com ela pela terceira vez, tão ternamente que quase tinha partido seu coração, de forma que ela tinha adormecido se sentindo totalmente querida.
Onde quer que tivesse sido, o coração dela estava completamente perdido para ele.
Ela aceitaria estes momentos de felicidade, mas ainda tinha barreiras suficientes remanescentes para saber que seria mais fácil no fim se ela mantivesse seus sentimentos para si mesma.

Enquanto Arthur andava no andar de baixo para tomar deu café da manhã o relógio do corredor bateu quatro vezes.
“Quatro!”, ela exclamou. “Isso não pode estar certo”.
Ele checou seu relógio de bolso. “Está”.
“Mas onde o tempo passou? Eu disse a Nicky que o veria pela manhã”.
Ele deu seu um sorriso lento, recordativo. “Nicky entenderá. Fui um tempo bem gasto, se você me perguntar”.
Ela corou e sorriu. Ela não podia parar de olhar para ele. Sentia como se seu corpo inteiro estivesse sorrindo.
“Estou faminta”, ela disse enquanto eles entravam na sala de estar para o café da manhã.
Ele parou como uma estátua. “Eu também”, ele disse, os olhos a devorando. “Nós devemos voltar para cima?”, os olhos dele estavam dançando, mas também estava bastante sérios, ela percebeu.
“Não”. Ela tentou esconder como as palavras a tinham agradado, mas o sorriso permaneceu aparente. Ela se sentia tão maravilhosa, tão feminina, tão… desejada. “Eu quero meu café da manhã”.
“Sim, você vai precisar manter as forças para hoje à noite”, ele concordou.
Depois do café da manhã—ele pediu bacon e ovos, chocolate, bolos e café quente e ela comeu quase tudo—enquanto eles caminhavam até Lady Gosforth.
Foi passeio de alguns minutos apenas. A chuva começou novamente, mas não era muita e eles compartilharam um guarda-chuva. Os corpos se tocavam agradavelmente à medida que eles caminhavam. Às vezes o toque era deliberado; Lua não conseguia parar de tocá-lo. Estavam ambos de bom humor, saltando poças como crianças e rindo do nada.
Lua dizia a si mesma que tinha que parar. Uma coisa era reconhecer para si mesma que sentia algo por ele, outra coisa bem diferente era agir como uma menina completamente apaixonada. Ainda que estivesse.
Era o caminho certo para a desilusão amorosa, que ela já tinha experimentado. Amanhã, ela tinha decidido. Amanhã ela seria sensata.
Eles alcançaram a casa de Lady Gosforth após as cinco horas. O mordomo, Sprotton, se curvou o máximo enquanto dava a eles um sorriso quase paternal à medida que eles entravam. “Você encontrará o Príncipe Nikolai no quarto das crianças, senhora”, ele disse a Lua enquanto tomava o guarda-chuva molhado e o entregava para um criado.
Quando Arthur perguntou por seu irmão e tia, Sprotton surpreendeu a ambos dizendo, “sua tia não está no momento, mas todos os outros estão no quarto das crianças, senhor. Todos: o Sr. Morant, Sr. Suede, Sr. Borges, Sr. Ramsey e também o Sr. Nash Aguiar”.
“No quarto das crianças?”, Arthur disse surpreso.
Sprotton deu um sorriso enigmático. “No Tempo dos Inclementes contínuo, senhor. Eu me lembrei de outros Dias Inclementes quando você era um menino, senhor, e me deu uma Noção, e digo que as aventura resultaram em sucesso”.
Arthur foi à frente para o quarto das crianças antigo, que ficava no terceiro andar. “Não vou lá há anos”, ele disse a Lua. “Eu me pergunto o que era essa Noção que Sprotton disse que era. Ele parecia muito contente consigo mesmo”.
Enquanto eles entravam no quarto das crianças, os sons do debate masculino vigoroso de repente pararam. Lua sorriu, entendendo imediatamente o que os tinha levado até o quarto das crianças. Cinco homens e dois meninos se deitavam espreguiçados no chão em várias poses, completamente absorvidos, enquanto Mel se sentava próxima ao fogo costurando placidamente, um olhar indulgente no rosto, como se estivesse supervisionando um quarto cheio de meninos. Como talvez estivesse, Lua pensou divertida.
Com sua entrada, todos os homens ficaram de pé, parecendo um pouco embaraçados, e se curvaram para Lua. Chay colocou Jim de pé.
Nicky cuidadosamente passou por entre eles e saudou a mãe com um beijo.
“Você disse que viria nos ver esta manhã, mamãe. O que você fez o dia todo?”, ele perguntou.
A mãe de Nicky olhou de relance para o marido. Um sorriso minúsculo estremeceu em seus lábios. “Jogando xadrez”, ela disse serenamente.
“A melhor partida de xadrez da minha vida”, Arthur murmurou na orelha dela. Ela reprimiu uma risadinha.
“Quem ganhou?”, Nicky perguntou.
 “Foi um empate”, Arthur disse a ele, agachando até acariciar levemente Juno, que estava temporariamente amarrada numa perna da mesa para que não danificasse os arranjos.
Lua agitou a cabeça. “Não, eu ganhei”.
“Isto é uma surpresa”, Arthur disse suavemente. “Estava certo de que eu tinha ganhado”.
Nicky olhou para ambos, então encolheu os ombros, desinteressado. “Mamãe, estou me divertindo demais aqui e nós estamos em um ponto crucial, então se você não se importa…”
“Não, claro que não, meu bem”, Lua disse. “Mel e eu iremos no andar de baixo e temos um confortável costura, e você volte para os seus brinquedos”.
“Eles não são brinquedos, mamãe”, Nicky disse a ela, profundamente chocado. “Eles são soldados”.
Lua olhou de relance para o chão do quarto, no qual havia sido criado um enorme e muito bem elaborado campo de batalha composto de centenas de modelos de soldados, e nos cinco homens crescidos que estavam de pé educadamente, escondendo a impaciência de voltar para a batalha apenas com sucesso ligeiramente maior do que seu filho e Jim.
“Claro que eles não são brinquedos”, ela concordou.
Enquanto ela e Mel partiram, ela ouviu a voz do marido dizendo, “a companhia azul no flanco esquerdo está na posição errada…”

Os dois dias seguintes passaram como os primeiros. Todas as noites eles faziam amor, às vezes lento, quente e intensamente, às vezes voraz e explosivo, às vezes doce e dolorosamente terno. Ele parecia insaciável, e para a surpresa de Lua, ela também era. Um olhar, o mero toque na pele contra a dela e os olhos se encontravam, e o calor e a urgência retornavam.
Eles passaram as noites fazendo amor até tarde da noite, dormindo algumas horas de cada vez, somente para despertar novamente e fazer amor. Era como uma droga; ela não conseguia enjoar disto, dele. E quando eles não estavam dormindo ou fazendo amor, conversavam.
Eles conversavam sobre os anos que Lua tinha passado com Mel, de sua vida em Zindaria, e como ela sempre tinha se sentido deslocada como uma princesa. Eles conversaram dos primeiros anos de Arthur em Alverleigh House, de quando ele veio para Grange e encontrou Harry. Eles lutaram, da mesma maneira que Jim e Nicky tiveram.
Enquanto Arthur descrevia as aventuras de juventude que teve com Harry, Lua começou a entender o profundo laço entre os dois homens, ambos excluídos de sua própria família. Eles até conversaram sobre a guerra particular de Arthur, e ele disse a ela um pouco como tinha se sentido ao ser um dos únicos a voltar para casa…
E enquanto eles conversavam e ficavam mais e mais íntimos, ela se preocupava como seria quando chegasse a gora de se separarem. Ela tirava isso da mente. Estava muito feliz agora, então viveria o agora e deixaria que o futuro cuidasse de si mesmo.
Os dias assumiram um ritmo próprio: eles acordavam tarde depois de fazer amor durante a noite e novamente pela manhã. Eles tomavam banho, comiam, e então caminhavam da Mount Street até a casa de Lady Gosforth. Eles ficavam lá até de noite. Lua ia para cima se juntar aos meninos e Mel. Invariavelmente Chay e um ou dois dos outros homens—normalmente Harry—estavam lá, também. Lua tinha passado a última parte da tarde com eles, e então os dois meninos tinham jantado.
Eles leram para os meninos um episódio de uma estória para a hora de dormir—e Lua ficava divertida ao ver que Chay sempre estava presente para a hora da estória—e então Lua colocava Nicky na cama e dava o beijo de boa noite, enquanto Mel fazia o mesmo com Jim.
Os dois meninos dividiam um quarto que tinha ligação com duas alcovas. Chay dormia em uma e Harry na outra. Nicky estava bem protegido a toda hora; Arthur tinha organizado isso.
Uma vez que seu filho estava adormecido, ela descia e todos jantavam juntos. Então Mel e Chay retornavam para o andar de cima, e Lady Gosforth persuadia a qualquer um dos jovens homens presentes a escoltá-la a algum evento social, e Lua e Arthur viravam a esquina e voltavam para Alverleigh House e faziam amor.
Lua passou pelos dias seguintes com uma felicidade ofuscante, até que de repente era terça-feira à noite, a noite da pequena festa de Lady Gosforth para celebrar o casamento deles.
Lua se vestiu com esmero escolhendo seu vestido favorito entre os novos de gala, um de manga curta castanho esmeralda de cetim, com laços em volta da bainha e tassels, e sobre ele um manto longo e leve, com rendas, laços de cetim prateados e contas escarlates. Ela usava um par delicado de sandálias turcas escarlate, uma scarf Grega colorida com bordados e bordas escarlates, luvas longas, de renda branca e a tiara da mãe.
“Como estou?”, ela perguntou quando Arthur veio para escoltá-la para o andar de baixo.
“Linda como sempre”, ele disse.
Uma sobrancelha dela se enrugou ligeiramente. Ela não queria mais elogios galantes dele. “Eu sei que não sou bonita”, ela disse. “E não preciso de elogios de extravagante, Arthur. Eu ficaria muito feliz se você apenas dissesse que estou bem”.
“Então você quer que eu minta”.
“Não, só quero que me diga a verdade”.
“Estou te dizendo a verdade”. Ele pegou o queixo dela entre as mãos e disse tranquilamente, “para mim, você é tão linda quanto à lua. Sua pele é como a seda, seus olhos tem a cor mais gloriosa, e você tem a boca mais deliciosa do mundo”.
Ela piscou. A boca mais deliciosa? Ele realmente poderia pensar isto? Ela não conseguiu evitar sorrir. “Oh”.
“Sim, oh. Então não me diga o que eu penso, minha linda esposa”. Ele se debruçou adiante e então parou, dizendo, “eu não te beijarei agora, porque se eu começar não conseguirei parar, e nós temos que chegar àquela festa”.
Ele tirou uma caixa retangular aveludada do bolso. “Eu pensei que você poderia usar a tiara da sua mãe, então comprei isso para combinar”. Ele passou a ela o estojo.
Ela o abriu e não disse nada por um longo momento. Estava atordoada. “Diamantes. Mas—”
“Sim, eu sei que eles deveriam ser de zircônia, para combinar”, ele disse, os olhos dançando. Ele tirou o colar da caixa e a girou para poder colocá-lo. “Mas eu não tive tempo. Agora, vamos dar uma olhada”. Ele a girou na direção do espelho. “Perfeito”.
Ela olhava fixamente para seu reflexo. Diamantes? Era o tipo de presente que um homem daria a esposa. Sua verdadeira e até-que-a-morte-nos-separe esposa. “É lindo”, ela sussurrou.
“Como a dona. Mas não vá vendê-las, certo?”.
“Não, nunca—”, ela começou, horrorizada, e então viu que ele a estava provocando. “Obrigada, Arthur. Cuidarei delas para sempre”. Ela ficou na ponta dos pés e o beijou.
Ele a envolveu com os braços e a beijou de volta, um beijo profundo, possessivo, que a fez querer derreter.
“Agora, vamos”, ele disse depois de um tempo. “Quanto mais cedo esta festa chata acabar—e pudermos ir para a cama—melhor”.
“Isto é uma promessa?”.
“Um voto”.
Então seria quando ela diria a ele, Lua decidiu. Pelos últimos dois dias ela tinha tentado decidir se diria a ele como se sentia ou não. Arthur a tinha feito sentir coisas que nunca tinha sentido antes. Ele a entendia, gostava dela, estava certa disso.
Mas o quanto? Essa era a pergunta. Ela tinha que saber, tentar ao menos. Quem não arrisca, não petisca.

Hoje à noite, depois da festa, quando eles fizessem amor, ela diria a ele.

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