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segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Cap 8-1 "A Princesa Roubada"


Capítulo VIII.

A primeira coisa que Thur viu quando ele e Chay entraram em casa foi a danificada mala de viagem e a chapeleira nitidamente em pé, lado a lado, no corredor da entrada.
Lua apareceu no final do corredor. “Oh não, o que aconteceu?”, ela exclamou e correu para se encontrar com eles. Ela ainda estava usando o capote da tia-avó dele.
Thur cambaleou e se embreou no braço de Chay, forçando Chay a olhar para ele com surpresa.
“Você está bem? Posso ajudar?”, ela perguntou com a sobrancelha enrugada com preocupação.
Arthur imediatamente pôs um braço ao redor dos ombros dela e deu um pequeno empurrão em Chay. “Você deve ver os cavalos, Chay”, ele disse, conduzindo o outro braço de Lua ao redor da cintura dele. “Eu ficarei muito bem com a ajuda da Sra. Prinny, obrigado”.
O irlandês deu a ele um olhar divertido. “Oh, posso ver esse bem”, ele murmurou.
Ela se moveu para segurar o ombro dele mais firmemente sob o braço dela. Thur achou a sensação dela se torcendo e empurrando contra ele bastante deliciosa. Ele gemeu suavemente e deixou os joelhos caírem e seu braço enrolar ao redor da cintura dela. O braço dela se apertou ao redor do diafragma dele e sua outra mão surgiu para apertar firmemente contra o peito dele.
“Ai!”, ele disse involuntariamente. Ela o apertou justamente onde um dos porcos o tinha acertado.
“Oh querido, eu sinto tanto! Dói muito?”, ela disse. “O que aconteceu? Eu pensei que você estivesse apenas arrumando as coisas. Os homens se soltaram?”.
“Não. Por que você ainda está usando este capote?”.
Ela deu a ele um olhar indignado. “Eu estava esperando por você, claro. Oh, o seu rosto”. Ela examinou o rosto dele ansiosamente. Ele não estava nada bonito, Thur imaginou tristemente. Um olho estava inchado e fechado. Até um ogro seria mais bonito. E do modo como o resto do corpo dele doía, ele era uma massa de cortes e contusões.
Ela, por outro lado, parecia tão bonita que o fazia sentir dor, e não era de qualquer contusão. Seus adoráveis olhos castanhos o esquadrinhavam.
“Qual é o veredicto?”, ele perguntou suavemente.
Ela mordeu o lábio. “Você parece, você parece…”
“Heróico?”, ele disse esperançosamente. “Intrépido? Valoroso?”.
“Terrível!”.
“Oh”, ele disse, sufocado. “Então por que você precisa esperar por mim com um capote?”.
“Você não achou que eu partiria sem te agradecer, não é?”.
Thur fez uma carranca e aumentou seu aperto nela. “Partir? Para onde? Você não vai a lugar algum”.
Ela tentou escapar da mão dele. “Claro que vou. O Conde Anton—meu inimigo—está aqui. Aqueles homens no chalé de Mel eram subordinados dele. Tenho que partir antes que ele me descubra”.
“Tolice! Fique aqui. Eu protegerei você”.
Ela deu a ele um olhar incrédulo. “Você?”, pelo rosto dela, Thur percebeu que ele não estava uma visão nada tranquilizante.
“Essas”, ele gesticulou para as feridas, “são apenas superficiais”.
Ela deu a ele um olhar que mostrava que não acreditava nele, mas era muito cortês para dizer isso. “Obrigada por sua oferta, mas realmente, é imperativo que eu saia assim que possível”.
Ela estava totalmente determinada a partir, ele podia perceber. “Muito bem, espere até que eu me limpe. Não há muito tempo”.
Ela puxou a cabeça para trás e o olhou fixamente. O rosto estava a poucos centímetros de distância. “Esperar? Por que esperar quando posso te agradecer e partir agora mesmo?”.
“Porque eu não vou viajar todo bagunçado e ensanguentado, é por isso”. Ao ver confusão nos olhos dela, ele acrescentou, “você não acha que eu vou deixar você e aquele menino viajarem sozinhos quando há um grupo de assassinos malignos atrás de você, não é?”.
Ela o encarou por um momento, e então agitou a cabeça. “Não, obrigada. É muito amável da sua parte, mas não é necessário. Eu não posso te pedir—”
“Você não está me pedindo, eu que estou dizendo a você que vou”. O braço dele se apertou ao redor dela.
Os olhos castanhos dela se estreitaram. “Sr. Aguiar, como eu assinalei antes, você não tem nenhuma autoridade sobre mim. É gentil a sua preocupação, mas realmente não é da sua conta aonde eu vou ou o que faço. Não desejo brigar você, então—”
“Bom. Então você vai esperar”.
“Não. Eu sou dona de mim mesma e—”
Ele fez que não com a cabeça. “Chay, você ainda está aqui? Bom. Leve aquela bagagem e guarde-a no armário embaixo do corredor. Tranque tudo lá—esse chapéu, também—e dê a chave para mim”.
“Você não fará tal coisa, Sr. Suede”, ela disse imediatamente. “É a minha bagagem e eu pretendo partir assim que for possível”.
“Chay, vá”.
Chay sorriu amplamente. “Sim, senhor, ‘Captão’ Aguiar”. Ele levantou a valise, colocou a chapeleira debaixo do braço, e pegou o chapéu.
“Solte estas coisas de uma vez!”, com alguma dificuldade ela se soltou de Thur e correu para arrancar suas coisas de Chay.
Thur agarrou o capote e quando ela parou, ele a girou, pega pela mão, e a puxou até o antebraço dele. “Vamos discutir isto”, ele disse e a conduziu em direção a sala de estar.
Ela resistiu. “Não há nada para dis—”, ela começou, e então notou com assombro o caminhar dele sem sua ajuda. “Sua fraude! Você pode andar perfeitamente bem sem mim!”.
Imediatamente Thur teve uma recaída, uma que necessitou do braço dele ao lado do corpo dela, enquanto ele a segurava firmemente com a outra mão.
“Eu não vou ser mais enganada com isto”, ela disse a ele. “Como ousa confiscar minha bagagem!”.
“Oh querida, acho que vou desmaiar”, Thur murmurou enquanto se segurava nela o mais fracamente possível enquanto a impedia de perseguir Chay.
“É mesmo?”, disse uma voz cáustica por detrás. “Será a primeira vez, então”. Ele girou e viu a Sra. Barrow, mãos nos quadris, observando a cena inteira. Atrás dela estava a senhorita Melanie, e os dois meninos que assistiam com os olhos arregalados e a cadela dele, Juno, observando entre eles.
Sra. Barrow deu uma olhada para ele e fungou. “É melhor trazê-lo para dentro da cozinha, madame. Ele precisa ser limpo”. Ela deu a ele um olhar enviesado e acrescentou, “de vários modos”.
Chay retornou e jogou a chave para ele. Thur a pegou. Ele olhou para sua princesa teimosa e brava, e disse suavemente, “Dê-me uma hora. Se você não me der, irei assim”.
Ela abriu a boca para discutir e ele acrescentou com a voz firme, “não aceito não como resposta. Eu vou com você sangrando ou vou com você limpo, mas você não deixará esta casa só e desprotegida”.
Ela fez uma careta para ele por um momento, então o rosto dela clareou e ela movimentou a cabeça, como que capitulando. “Muito bem, eu esperarei. Dê-me a chave e enquanto você se limpa, eu deixarei minha bagagem pronta”. Ela estendeu a mão.
Como resposta, ele deslizou a chave no bolso da calça. “Depois que nós tivermos conversado racionalmente”.
Lua o encarou. “Você não confia em mim?”.
Ele deu a ela um sorriso lânguido. “Eu disse a você, os seus olhos mostram todos os seus pensamentos. Se você tiver sua bagagem, vai me deixar no momento em que eu der as costas. Podemos ir?”, ele estendeu a mão para conduzi-la até a cozinha.
Ela deu a ele um olhar glacial, então, com o pequeno nariz empinado, passou por ele, o retrato de uma real princesa: cortês, digna—e fumegando.
Thur precisou do máximo de vontade para não a virar e beijá-la até ela perder as forças. Mas com seu atual humor, ela provavelmente iria bater nas orelhas dele. E imediatamente. Ele tinha sido incrivelmente arbitrário. Mas não podia deixá-la partir. Não sem ele.
Na cozinha a Sra. Barrow disse para os dois meninos, “Jim, você sabe onde fica o melhor charco de sanguessugas—na parte oca de trás do matagal. Você e Nicky levarão este jarro e irão me buscar algumas grandes. E leve aquele maldito cachorro com vocês—sabem que ela não deveria estar na cozinha”.
“Sanguessugas?”, Lua exclamou em repugnância.
“Melhor coisa para olhos pretos e contusões”. A Sra. Barrow se voltou para Jim. “Você sabe como pegá-las, não sabe?”.
Jim anuiu com a cabeça.
“Bom rapaz. Vão então, meninos, e não caiam!”.
“Nicky não pode ir”, Lua disse depressa. “Ele—ele não sabe nadar”.
O rosto de Nicky caiu. “Eu serei bastante cuidadoso, mamãe”, ele disse em seu jeito cortês, como um pequeno homem velho. “Eu nunca saí para pegar sanguessugas. Parece ser muito interessante”. Os olhos castanhos pediam a ela.
Ela hesitou. Thur entendia o porquê. Ele achava quase impossível de resistir quando ela olhava para ele com sua própria versão daqueles olhos.
Mas os eventos no chalé obviamente tinham dado-a um grande susto e ela estava claramente relutante em deixar o filho sair de suas vistas.
Ela mastigou o lábio indecisamente. Thur assistiu. Ela não tinha nenhuma ideia de como ele achava isto erótico. Mesmo machucado e dolorido, e num cômodo cheio de pessoas, o corpo dele despertava com as ações dela.
“Eu adoraria experimentar uma caça de sanguessuga”, o menino acrescentou com voz melancólica. As mãos dele inconscientemente afagaram as orelhas de Juno.
“Então você deve ir”, Thur disse a ele. Ele precisava conversar com ela em particular, sobre coisas que ela não gostaria de discutir na frente do filho. “Leve a senhorita Melanie com você. Ela achará isto, hm, cientificamente interessante”.
A senhorita Melanie pareceu surpresa e um pouco indignada, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, Thur notou que Chay estava chegando e acrescentou, “e o Sr. Suede irá, também, o que deixará a mãe de Nicky tranquila”.
“Realmente ele irá”, Chay concordou. “Aonde vou de novo? Uma caça de sanguessugas, é?”, ele deu um olhar sentido para sua roupa imaculada e botas cintilantes. “Isso será… ótimo”. Com resignação deprimida, Chay ofereceu o braço para a senhorita Melanie. Ela hesitou, então o tomou, e em segundos a cozinha estava deserta.
A princesa bateu o pé. “Como ousa assumir o comando assim! Você não tem nenhum direito! Eu devo decidir se meu filho vai ou fica”.
“Eu sei, mas nós temos coisas a discutir. E ele estará perfeitamente seguro. O pântano fica a apenas alguns minutos; eles estarão de volta em meia hora no máximo. Deixe Nicky se divertir. Pelo caminhar da carruagem ele não teve muita diversão na vida. Você o mantém enrolado como bolas de algodão”.
Os olhos dela reluziram. “Isto não é justo. Eu faço o que devo pelo próprio bem de Nicky”.
“Eu sei, mantê-lo seguro. Mas você não pode continuar fugindo”.
Ela fez um gesto frustrado. “O que mais eu posso fazer? Eu não posso lutar contra o Conde Anton eu mesma. E ninguém mais acreditaria em mim”.
“Eu acredito em você. E você não pode lutar com ele, mas eu posso”.
“Como?”, ela exigiu. “Você é apenas um homem. Conde Anton tem praticamente um exército”.
“Uma batalha não é ganha somente na força bruta”.
“Você poderia ser mais convincente se não estivesse parecido com o vômito de um gato, Sr. Thur, então vamos limpá-lo”,a Sra. Barrow interrompeu. Ela tinha trazido água quente, panos limpos, e uma quantidade assustadora de potes de aparência medicinal.
Lua deu um passo para trás para deixar que a Sra. Barrow cuidasse dele.
“Como você imagina que pode derrotar o Conde Anton?”, ela perguntou a Thur enquanto a Sra. Barrow tirava o casaco, colete e a camisa dele, deixando-o apenas de calça. Thur colocou uma mão no cós para ter certeza de que elas ficariam lá.

Lua observou-o fixamente. Havia várias marcas severas por toda parte de seu corpo, onde ele tinha sido chutado e esmurrado. Havia até a marca de uma sola de bota atrás da mão esquerda dele.

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