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quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Cap 5-2 "A Princesa Roubada"




Parte 2

Incapaz de recusar, Lua tomou o braço dele e permitiu que a levasse até a sala do café da manhã. Os raios de sol fluíam através das longas portas envidraçadas. Eles saíram para um terraço que tinham vista para o jardim ao lado da casa. Pequeno o suficiente para ser confortável sem ser apertado, a sala era decorada em tom de castanho claro e branco com tapeçaria e cortinas cor de rosa. Era quase como se o jardim entrasse na sala.
“Oh, que sala bonita”, ela exclamou, esquecendo-se de que tinha planejado esmagá-lo com seu silêncio digno.
“Acredito que minha tia-avó gostava disso. Eu nunca o usei”, ele disse indiferentemente, puxando uma cadeira para ela da mesa oval de mogno.
Ela caminhou para as portas envidraçadas e saiu sobre o terraço. “Eu nunca tive uma tia-avó”, ela disse. “Você gostava dela?”.
Ele a seguiu para fora. “Sim. Ela era uma senhora apavorante, mas com um coração muito amável. Ela costumava me sabatinar todos os dias as lições”. Ele deu um sorriso sentido. “Garotos eram uma variedade humana que ela acreditava que tinham uma necessidade medonha de serem civilizados—o que vinha na forma de disciplina, exercício e recompensas”.
Ele viu a expressão dela e riu. “Minha tia-avó Gert era apaixonada por treinamento e procriação de cachorros. Ela tratava os meninos quase do mesmo modo—não com a parte da procriação, claro. Mas não tenha a ideia de que ela era algum tipo de velha monja maluca—ela também adorava o turbilhão social e ia a Londres a cada estação para—apavorar a elite, Harry e eu sempre pensamos. Ela sempre voltava muito animada”.
Lua sorriu e deu alguns passos ao longo do caminho. “Ela não tinha os próprios filhos?”.
“Deus, não! Eu duvido que houvesse algum homem na Inglaterra valente o suficiente para se casar com ela”.
“Isto é triste”, Lua disse. Estava uma manhã quente. As abelhas já estavam lá fora zumbido em torno da doce alfazema. O caminho seguia até um canteiro circular contendo um relógio de sol. Ela foi na direção dele.
Ele a seguiu. “Com sentimentos assim, fico surpreso por você não planejar se casar novamente”.
“Não, eu não vou recasar”, Lua disse a ele. “Nunca mais. Com ninguém. Não quero nada mais com os homens”.
Ele deu um suspiro. “Então minhas esperanças e sonhos viraram poeira para sempre, então”.
Eles caminharam. Tinha sido uma boa coisa deixar tudo claro, Lua pensou. Melhor deixar tudo bem às claras. Sem mal-entendidos. Ele pararia de aborrecê-la agora. Ele a deixaria só, e isso seria uma boa coisa.
Ela não precisava ser… incomodada.
Ele era um homem muito… incômodo.
Ela deu a ele um olhar enviesado. Já há algum tempo que ele estava mudo. Ela esperou que ele não estivesse muito arrasado por seu anúncio. Não que ele devesse estar—pelo amor de Deus, eles mal se conheciam.
Ele a viu olhando para ele. “Então”, ele disse. “Você está absolutamente certa. Sem planos de se casar novamente?”.
Ela fez um firme movimento com a cabeça. “Nenhum”.
“Você não consideraria se tornar minha amante?”.
Ela parou, escandalizada. Ela tinha dito a ele que tinha princípios. Ela girou para enfrentá-lo. Os olhos dele estavam sorrindo para ela. Ele a estava provocando, ela percebeu.
O modo como os olhos dele riam, pareciam... acariciá-la… e, ao mesmo tempo…era muito desconcertante.
“Você está brincando”, ela disse a ele.
“Estou?”.
“Sim, você sabe perfeitamente bem que eu sou uma viúva respeitável—”
“Oh, nós não precisamos dizer a ninguém, se é o que te preocupa—”
Ela deu a ele um olhar severo. “Eu já te disse, não tenho nenhum desejo de ficar sob nenhum dedo sequer de homem nenhum, nunca mais”.
“Mas não era em dedo que eu estava pensando”. Ele disse a ela com um rosto sorridente e malvado, e ela não soube o que dizer. Então ela girou sobre os pés e foi embora.
Ela precisou de alguns minutos para poder marchar o mais rápido que as pernas dela podiam antes de poder pensar em alguma coisa, tinha que pensar em uma resposta apropriadamente arrasadora, e ainda assim digna. As palavras dele, junto com o sorriso nos olhos, eram um puro convite ao pecado. Ela bufou, lembrando-se da sessão nos estábulos.
Não havia nada de puro nisto!
Ela podia ouvi-lo surgindo atrás dela no caminho. Ela acelerou o passo. O dele não pareceu alterar, e ainda assim ele se aproximava dela. Não era justo ele ter pernas tão longas e fortes e as dela serem tão pequenas e arredondadas. O único jeito de escapar dele seria correr, mas ela não deixaria que ele corresse atrás dela. O miserável provavelmente gostaria disso.
Uma pequena voz dentro dela sugeriu timidamente que ela poderia achar isto excitante, também. Ela rudemente apagou a voz.
Ela diminuiu deliberadamente a velocidade do passo e parou para olhar fixa e fervorosamente uma flor. Ela não tinha nenhuma ideia de qual flor era; ela nunca tinha sido boa em botânica, mas ele não precisava saber isto.
Ele parou ao lado dela e esperou. Ela sentiu o olhar quente dele cobri-la. E o ignorou. Ela olhava fixamente para a flor. Ele se curvou e observou a flor por sobre o ombro dela.
“Fascinante”, ela murmurou, tentando não ficar tão ciente da proximidade do corpo grande e masculino.
“Totalmente”, ele concordou fervorosamente. “Algo especial, não acha?”.
Ela fez uma carranca pensativamente para a pequena flor azul. “Poderia ser”, ela disse, desejando que ele não fosse um botânico.
“Definitivamente poderia ser”, ele concordou. “Se as heras-terrestres não fossem consideradas ervas daninhas na Inglaterra”. Ele parou por um momento, e então acrescentou, “devo mandar que alguém a arranque antes que se espalhe, ou você prefere pintá-la ou colá-las em seu livro de recortes das Ervas Daninhas da Inglaterra?”.
Ela manteve seu silêncio digno. Ele ficou andando junto dela.
“Isto é bom, não é?”, ele disse puxando conversa.
Ela não respondeu.
“Conhecer um ao outro assim”, ele continuou imperturbável. “Respirando o ar matutino. Aprendendo sobre seu fascínio das ervas daninhas inglesas… e seu medo de dedos”.
“Você sabe perfeitamente bem o que eu queria dizer em não querer ficar sob os seus dedos. Passei minha vida inteira sob as regra de dois homens extremamente autoritários—primeiro meu pai e então meu marido. Agora que tive meu primeiro sabor da liberdade, e nada—nenhum homem—poderia ser melhor do que isto”.
“Isto é um desafio?”, ele disse suavemente.
“Não! Não seja tão frívolo”.
“Eu não estava sendo frívolo”, ele disse com voz submissa, mas os olhos dançavam.
Era a cor, ela pensou irrelevantemente. Ela nunca tinha visto tais olhos azuis, tão azuis. Como a luz do sol batendo sobre o mar. Outra coisa que não era justa. Os homens não deviam ter permissão de ter olhos assim.
Eles caminharam e, quando chegaram a uma esquina, a casa surgiu novamente. Ainda bem, Lua pensou. Ela estava andando em um caminho firme de cascalho, mas sentia como se tivesse andando em um pântano, cheio de armadilhas para os imprudentes.
Ele era um homem muito perigoso! Ela olhou de relance para ele e o pegou observando-a.
“Estou tão aliviado”, ele disse a ela.
Lua não podia imaginar sobre o que ele estava falando. “Aliviado?”.
“Que você não tenha repulsa aos meus dedos. Eu acho que eles são dedos bastante bons—para dedos, isto é. Você não acha?”, ele estende as mãos para que ela as inspecionasse, e apesar de que isso fosse claramente ridículo, ela não pôde evitar olhar para as mãos dele.
“O que você acha?”, ele perguntou.
Ela deu a eles um segundo olhar crítico e fungou. “Tudo que posso ver é que seus dedos são muito grandes”, ela disse com voz reprimida.
Ele deu a ela um sorriso lento. “Exatamente”.
Lua não tinha nenhuma ideia da razão pela qual deveria ruborizar, mas o fez. “Acho que nosso café da manhã já deve estar pronto”, ela disse e marchou vivamente para a sala de café da manhã.
Ele foi ao lado dela. “Sim, estou faminto”. O modo como ele disse isso, não queria dizer apenas comida.
Lua caminhou mais rápido. Ela reentrou na sala de estar do café da manhã. “Sua tia-avó viveu até idade avançada?”, ela estava determinada a falar de assuntos seguros.
“Sim, creio que ela viveu até oitenta ou mais—ela nunca dizia a idade que tinha. Harry e eu, quando éramos jovens, pensávamos que ela tivesse cem pelo menos. Ela morreu logo após que eu ter saído para a guerra, e por alguma razão, deixou esta casa para mim. Eu não tenho nenhuma ideia do porquê. Certamente não esperava por isto”.
Lua sabia pela Sra. Barrow que Arthur tinha passado quase oito anos em guerras, ainda assim as cortinas pareciam novas e a pintura do cômodo parecia nova, como se tivesse sido feita bastante recentemente. “Então você mantém o esquema de cores pela memória dela. Isto é adorável”.
“Não, não é. Eu não resolvi quanto ao esquema de cores. Quando estava no exército meu irmão primogênito cuidou do lugar para mim. Duvido que ele tenha dado alguma ordem quanto às cores ou tecido, então tudo deve ter sido, simplesmente, renovado”.
“Isso foi legal da parte dele”, ela ofereceu.
“Hmm”. Ele fez um som sem se comprometer. “Espero que ele tenha ficado aliviado por ter arranjado algum lugar para me colocar”.
“Colocado você?”, ele não parecia o tipo de homem que alguém colocaria no lugar.
“Eu sou o mais jovem de três filhos—legítimos, deve-se dizer”, ele explicou. “Fui dito como excedente, portanto. Meu irmão mais velho é o conde de Alverleigh, meu segundo irmão está no serviço diplomático e eu entrei no exército. Mas agora que Boney foi finalmente derrotada acho que sou considerado excedente lá também. Ah, aqui está nosso café da manhã”.
A Sra. Barrow entrou, trazendo um bule, uma cafeteira, um jarro, provavelmente de leite, em uma bandeja. Ela era seguida por dois pequenos e ferozmente limpos meninos, cada um cuidadosamente trazendo uma bandeja contendo pratos bem limpos de prata. Lua olhava fixamente. O filho nunca tinha carregado uma bandeja na vida.
O príncipe herdeiro de Zindaria servindo uma mesa. Papai e Rupert teriam ficado totalmente estarrecidos.
Sua Alteza, Princesa Lua Maria de Zindaria, queria rir.
O príncipe sorria amplamente para ela, claramente se divertindo, a travessura em seus olhos mostrando que ele havia tido quase o mesmo pensamento.
“Isso me lembra, Sr. Thur”, a Sra. Barrow disse, “que contratei alguns empregados enquanto estava visitando a minha mãe”.
Ela deixou a bandeja sobre o aparador com um baque e fixamente o olhava satisfeita. “O senhor não terá qualquer objeção contra eles, estou certa. Eles começarão amanhã. Dê-nos tempo para deixar tudo nos eixos. Harry chegará mais dia menos dia com o Senhor sabe quantos cavalariços e moços de estrebaria, e eu mal terei tempo apenas para cozinhar. Sim, Jim, ponha os pratos quentes sobre aqueles tapetes de cortiça, caso contrário eles vão arruinar o verniz; Com cuidado agora, não se queime. Bom rapaz. Agora pode começar a tostar aquele pão”.
Ela se voltou para Arthur, mãos nos quadris e disse, “há bacon e ovos mexidos e eu fiz um pouco de rins picadinhos, Sr. Thur, sei como os aprecia, então coma enquanto estão quentes. Eu contratei três criadas para a limpeza, dois criados, e uma empregada de copa, então da próxima vez o café da manhã será servido aqui por um criado ou uma empregada. E Barrow crê que o pai do jovem Jim está sumido há algumas semanas, então eu pensei que poderíamos treiná-lo em algo. Não posso deixar um menino passar fome. Aprecie seu café da manhã, madame. Mandarei um deles voltar com torradas num instante”. E ela saiu da sala.
Lua deslizou para Arthur um olhar de lado para ver como ele levava esse abuso de função tão arbitrário. Rupert teria explodido com ira. Mesmo o pai dela teria despedido a mulher imediatamente.
Ele estava… morrendo de rir, um riso mudo.
Ele viu o olhar chocado dela. “Eu sei, eu sei”, ele disse. “Mas você vê, ela já tirou a minha roupa no banho mais vezes do que eu posso me lembrar”.
Os olhos dela se arregalaram e Arthur desatou a rir novamente com sua expressão. “Não por vinte anos ou mais, ele se apressou a acrescentar. A última vez eu tinha a mesma idade do Nicky e fui esfregado da mesma maneira cruel”.
“Oh! Entendo”.
Ele deu um olhar furtivo e acrescentou, “eu sei que devia repreendê-la, mas, bem—” ele suspirou. “Eu tenho medo de mulheres”.
“Hah! Como um ratinho fica assustado por causa de um gato”.
“Você adora gatos, não? Eu, também. São criaturas contraditórias e sensuais. Como as mulheres”. Ele sorria amplamente. “Não, a Sra. Barrow meio que me criou, e eu não a repreenderei pelo seu modo direto de falar, ainda mais quando ela está certa. Eu me aproveito da boa natureza dela, e meu irmão Harry estará aqui na semana que vem e quem sabe quem mais”. Ele foi até a comida no aparador, levantou as tampas e observou o conteúdo.
“Eu posso te oferecer um pouco desse excelente bacon? Ovos? E rins? Os rins picados da Sra. Barrow são inigualáveis”.
“Apenas um pouco de bacon, por favor”, ela disse a ele. Ela deveria apenas tomar chá e comer torradas secas—sabia que estava incrivelmente cheia de curvas e muito consciente disto. Mas o bacon cheirava tão bem e já fazia tanto tempo…
Ele encheu dois pratos e colocou um na frente dela. Continha um monte de bacon e alguns ovos mexidos. O prato dele continha ainda mais do que o dela, com os rins.

“Obrigada”. Havia muito, claro, mas ela comeria apenas um pouco. Ela inalou o odor de bacon com felicidade.

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