Parte 3
“Nicky?”.
Abençoadamente, ele se mexeu e abriu os olhos sonolentos.
“Mamãe”. Ele sorriu, bocejou e cochilou novamente, aconchegando-se contra o
peito do homem como se estivesse perfeitamente confortável.
Lua o examinou. Ele parecia igual a todas as noites quando ela o verificava.
Sua respiração era até profunda, a pele estava ligeiramente corada no modo como
a pele das crianças fica durante o sono. E os olhos dele agora mesmo estavam claros,
apenas sonolentos. Ela toucou a bochecha dele. Morna, nem muita fria nem muito
quente.
Ela começou a respirar novamente.
E então ficou ciente do homem que segurava o filho dela nos braços, ele a
estava olhando fixamente, mudo e absorvendo as expressões do rosto dela. Ela
encontrou o olhar dele. Ele parecia pensativo, a boca em uma carranca.
“Eu não sou o Long Lankin, sabe”, ele disse tranquilamente.
“Quem?”.
“Um bicho papão de uma canção da minha infância. Long Lankin era um
cavalheiro que chupava o sangue de crianças inocentes”.
Ela avermelhou. “Eu não tinha pensado—”
“Sim, você tinha”. Houve uma pausa desconfortável, então ele acrescentou com
um tom mais gentil, “suponho que você tenha suas razões”.
Ela olhou para o rosto de sua criança dormindo e tentou engolir o nó em sua
garganta. Sim, ela tinha suas razões.
“Você confiará em mim para colocá-lo na cama?”.
Ela hesitou. O cabelo de Nicky estava úmido e pontiagudo como o pelo de um
pintinho recém-nascido. Ele parecia pequeno, pálido e vulnerável nos braços do
homem alto, mas seu corpo magro e pequeno estava relaxado. Cansado demais para
se importar ou ele estava confiando? Às vezes isso se tornava a mesma coisa, Lua
pensou exausta.
“Sra. Prinny?”.
Com um esforço, Lua percebeu que ele a estava chamando. “Sim?”.
“Confie em mim”, ele disse com aquela voz incrivelmente profunda. Os olhos
azuis não oscilaram.
Lua mordeu o lábio, então anuiu com a cabeça. Ela não tinha nenhuma
alternativa. Ela se debruçou para frente, beijou a testa de Nicky, e alisou o cabelo
dele para trás. “Tenha bons sonhos, querido”, ela sussurrou na língua nativa
dele. Ela podia sentir os olhos fixos do homem alto nela, mas ele não disse
nada, apenas girou e levou o filho dela para o quarto.
“Agora, madame, é a sua vez”. Lua se
sentou tranquilamente enquanto a Sra. Barrow fazia um estardalhaço ao redor dela
com toalhas e roupas de noite. Rapidamente a senhora mais velha tinha desnudado
Lua, exclamando por causa da umidades delas e do peso da anágua. Lua
apressadamente empacotou suas roupas e as tirou das vistas dela. O futuro dela estava
naquela anágua.
A Sra. Barrow trouxe uma camisola de flanela grande, rosa clara e vestiu Lua
com ela, murmurando uma série de encorajamentos, como se Lua fosse uma criança.
“Isto mesmo, erga os braços. Assim. Agora se sente aqui perto do fogo e eu irei
buscar um cobertor para deixá-la confortável e morna novamente”.
Lua apenas se deixou levar. Ela estava acostumada a empregadas vestindo-a e
despindo-a, mas nenhuma delas já a tinha chamado de forma tão carinhosa e agido
ao redor dela de forma tão calorosa e maternal.
Era bastante impróprio, claro, e se o pai dela ou Rupert estivessem lá,
teriam repreendido a mulher por sua familiaridade.
Mas o pai dela e Rupert estavam ambos mortos, e não havia nenhuma outra pessoa
por perto para testemunhar o lapso de etiqueta de Lua. E ela não tinha que
esconder como achava a situação confortante.
A Sra. Barrow lembrava a babá dela. Ela dificilmente se lembrava da babá, havia
apenas uma memória vaga de uma mulher grande, suave, com seios espaçosos e um
colo confortante, que tinha murmurado e sussurrado para ela, mandona, como a Sra.
Barrow tinha feito agora. Lua tinha se esquecido de como isso poderia ser calmante.
O que havia acontecido a babá? Ela nem sabia o nome real dela. O pai a
tinha enviado para longe quando Lua tinha feito seis anos—não muito depois da
morte da mãe dela. Ele encontrou-a sentada sonolenta no colo da Babá, escutando
uma estória. Ela era extremamente velha para ser tratada como um bebê, o pai
tinha dito. E estórias eram apenas desperdício de tempo… serviam apenas para
encher as cabeças das meninas com tolices.
Ela não ouviu estórias durante anos, não até a senhorita Melanie se tornar sua
governanta. Mel querida, com seus olhares duros e comportamento rígido. O pai
nem sequer suspeitava que a senhorita Melanie fosse uma leitora ávida de
romances e poesia romântica. Se soubesse, teria mandado Mel juntar suas coisas
e ir embora.
“Ah, agora está completo”. A Sra. Barrow disse enquanto terminava de
colocar o cobertor ao redor dos ombros de Lua. “Vou sair agora, querida. O Sr. Thur
descerá em um minuto, ele vai te levar para a cama”.
“O Sr. Thur gosta de ver todo mundo bem”, o Sr. Barrow acrescentou, passando
um braço afetuosamente ao redor da cintura da esposa. “Você está pronta para ir
para a cama, minha mocinha?”, ele perguntou na bochecha dela.
A Sra. Barrow corou como uma garotinha. “Saia, Barrow, o que a senhora vai pensar?
Boa noite, madame, tenha bons sonhos”. O casal de meia-idade partiu, de braços
dados.
Lua deu a eles boa noite, tocada pela franca demonstração de afeto deles. O
quão maravilhoso poderia ser, ser tão amoroso e tão amado depois de tantos
anos.
Ela suspirou melancolicamente. Era algo que nunca conheceria. Princesas
casavam por razões de estado, por sangue ou por fortuna, não por amor. E ela tinha
aprendido isso do modo mais difícil.
Ela olhou de relance para a mesa. A torta de porco ainda estava sobre a
mesa. A Sra. Barrow tinha se esquecido de levá-la.
O estômago dela roncou…
Thur retornou à cozinha na hora certa de ver a Sra. Prinny saltar para
trás, de forma culpada, para longe da mesa. Ele fingiu não notar. Ela estava envolvida
em uma flanela rosa claro; a Sra. Barrow era uma mulher de altura e cinturas amplas;
a Sra. Prinny era pequena e quase se perdia em um mar de camisola. A roupa
estava abotoada até o queixo e o tecido fazia dobras ao redor de seus pés. Nos pés
ela usava um par de chinelos muito grande, também da Sra. Barrow.
“Ele está todo enrolado e dormindo profundamente”, ele disse a ela. “Eu
vejo que você tem uma camisola—você parece deliciosa nela. Tem certeza de que
não está com fome?”, ele olhou de relance para a torta, que tinha encolhido, e manteve
um semblante suave.
Ela deu a ele um olhar inocente. “Não, obrigada”.
“Então devo colocá-la no lugar”. Thur pôs os restos da torta no armário.
“Agora, acho que está na hora da cama”, ele disse e ofereceu a ela seu
braço.
Ela olhou para ele cautelosamente, de repente insegura de seus motivos. Ele
sorriu para ela e acrescentou, “você pode me agradecer lá em cima”.
Os olhos dela se arregalaram. “Mas eu sou uma mulher de respeito, casada!”.
“Meu favorito tipo”. Ele colocou o braço dela dentro do dele e a levou para
cima, para um quarto com uma cama grande com uma abóbada com cortinas azuis. Um
fogo estava queimando na lareira, com uma com uma tela de rede decorada na
frente.
“Em uma noite como essa você vai gostar de um tijolo quente na cama”, ele
murmurou.
Ela endureceu. Ele realmente estava sugerindo que ele a aqueceria na cama?
“Estou te avisando—”
“Silêncio, você vai despertar Nicky”, ele sussurrou. “Juno o está protegendo.
Espero que você não se importe de dormir com um cachorro no quarto, mas eles
parecem que se gostaram, e eu pensei que isso faria o seu menino se sentir mais
feliz ao dormir em um lugar estranho”.
Os olhos de Lua se ajustaram à escuridão. De um lado da cama, as roupas de
cama tinham sido dobradas para que ficassem à disposição, no outro lado havia uma
pequena e sutil protuberância; o filho dela estava adormecido. Ao lado dele, em
um tapete no chão, estava a cadela. Ela olhou para cima e seu rabo fez tump,
tump, no chão mas ela não se moveu.
“Oh”, Lua disse. Ele a estava provocando.
Ele deu a ela um olhar seco e murmurou em sua orelha. “Sra. Prinny, a
senhora estava tendo suspeitas nada Quakerianas sobre as minhas intenções? Estou
chocado”.
“Não, você não está”, ela sussurrou de volta. “Você, senhor, é um velhaco!”.
“E você, Olhos Castanhos, é muito doce”. Ele ficou parado um momento,
olhando para ela abaixo. Ela podia sentir os olhos dele nela e se fechou em autodefesa. Ela
não tinha nenhuma ideia do que dizer ou fazer. Estava muito cansada para
pensar.
Ele suavemente tocou um dedo na bochecha dela. “Boa noite, Olhos Castanhos.
Durma bem. Você e seu filho estão seguros aqui comigo”.
Seguros. O conforto na voz profunda dele foi até os ossos dela como uma droga. Ela
o ouviu, ouviu-o fechar a porta tranquilamente atrás de si.
“Obrigada”, ela sussurrou tardiamente.
Ela subiu na cama e se aconchegou, sentindo-se… estimada.
Os pés dela tocaram em algo duro que irradiava calor. Os dedos do pé dela o
exploraram. Algo quadrado e quente, envolto em algo que parecia ser de flanela.
Um jorro de riso sonolento borbulhou dentro dela. Realmente havia um tijolo
quente em sua cama.
E então, em uma casa e cama estranhas, pela primeira vez em semanas, Lua
deslizou para um sono profundo, sem sonhos.
Continua...
Gente, como vou saber se vocês estão gostando se vocês não comentam? Desse jeito perco a vontade de Adaptar e postar aqui! Comentem por favor.
Estou adorando!
ResponderExcluirMais! Mais! Mais!
:D
lindaaaaaaaaaaaa! postaaaaaaaaaaa
ResponderExcluirMaiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiisssssssssssssssssssssssssssss
ResponderExcluirMaaaaaais pfvr
ResponderExcluirMais adorandooo
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